terça-feira, 19 de julho de 2011

Trás – os – Montes e Alto Douro – Mosaico de Ciência e Cultura- (colectânea de autores e temas oriundos de Trás-os-Montes e Alto Douro)


Apresentação feita no blogue da Academia de Letras de Trás-os-Montes a 11 de Julho


A obra recentemente dada à estampa, caracteriza-se pela sua diversidade temática e autoral. Os autores, movidos por total liberdade de consciência e pensamento, elevaram-se em asas de águia como o vento e discorreram o que lhes ditou a alma.

Colectânea de autores transmontanos

Dividida em “secções temáticas”, nelas está distribuído todo um manancial do rico alfobre transmontano e alto duriense.
Adriano Moreira e Loureiro dos Santos discorrem sobre temas da actualidade sociopolítica; Hirondino Fernandes, Telmo Verdelho e Luís Dias de Carvalho, reflectem sobre conceitos éticos e sobre transmontanismos.
Dos punhos de Abílio Gomes e Inocêncio Pereira, ressurgem algumas personalidades esquecidas pelo tempo.
Modesto Navarro viaja pela biblioteca da sua terra natal – Vila Flor. E Bento da Cruz, um mestre da escrita, à boa moda dos últimos narradores pronunciados por Walter Benjamin (cuja obra se não perdeu por milagre), não renuncia ao seu pátrio Barroso e ao Nordeste Transmontano. João de Sá embebe-se-nos os sentidos na sua viagem “barroca” por “terras de Dom Dinis”.
A beleza única do Douro é transposta para estas páginas através das imagens de António Barreto, ou pelas palavras simples de Ilda Ribeiro.
A poesia brota da alma erudita de Ernesto Rodrigues, do arrebatamento de Fernando Castro Branco e Pedro Castelhano e da simplicidade de Sílvio Teixeira.
António Borges Coelho com o seu “chapéu amarelo” esvoaça para lá da medievalidade onde é especialista; A. Passos Coelho, descreve com a sabedoria de um veterano as emoções humanas da sua aldeia, análogas às de Tolstoi, esse gigante russo, em “Servo e Senhor”[1].

Fiadeira

Bernardino Henriques, Fernando Chiotte Tavares e Jorge Tuela embarcam em narrativas lúcidas e incisivas. Já J. Rentes de Carvalho com o seu “faísca” e Manuel Cardoso com os seus “trasgos” nos transportam para temas com laivos da Região.
Carlos Abreu filmou-nos a sua Loisa e Márcia Trigo divaga sobre um tema caro a todos – o trabalho.
Dos costumes e tradições descritas por Alexandre Parafita e António Pinelo Tiza, segue-se viagem por terras de Riba Côa no breve trecho de Alexandra Lima e por terras de Foz Côa com a descrição de António Martinho Baptista. Alarga-se o passo para aportar em terras do Barroso descritas pelo padre António Lourenço Fontes e Barroso da Fonte. O vento de Norte traz-nos então notícias das terras de Miranda, esculpidas em cinzel de ouro por Amadeu Ferreira, acompanhado na jornada por Carlos Ferreira, Júlio Meirinhos e Fracisco Niebro.
Donzilia Martins transporta-nos para lugares da infância e Virgílio Gomes para as saudades da sua Bragança.
Da arte ocupa-se Eugénio Cavalheiro, e Nadir Afonso medita com profundidade sobre conceitos que há muito o preocupam.
Os acordes musicais surgiram das melodias de José Neves, Paulo Preto e Roberto Leal; o renascimento do ferro moncorvense surge das mãos de Nelson Campos.
Da Ciência tratam os textos de Maria dos Anjos Pires e Paula Seixas Arnaldo. Aquela discorre sobre a Medicina Veterinária e esta sobre a leveza e a graciosidade desses seres esvoaçantes, pelos quais Winston Churchill tinha um carinho especial: as borboletas.
José António Silva e Jorge Lage tratam-nos do estômago. A gastronomia surge ao de leve pelos seus punhos; a crítica social ficou a cargo de Pires Brás.


Marão

A homenageada, a freguesia de Lagoaça que comemora os 725 anos de foral outorgado pelo Rei Dom Dinis, recebeu presente especial: um capitulo próprio. Inicia com uma canção de Monsenhor Ângelo Minhava e um belo estudo de A.M. Pires Cabral sobre o professor Augusto Moreno.
Aniceto Afonso aborda acontecimento antigo. Um reconhecimento militar que por lá passou em 1850. António Pimenta de Castro, António Júlio Andrade e Fernanda Guimarães tratam um tema caro à região – a questão judaica. Aliás, abordado por mãos de mestre no recente romance de Amadeu Ferreira: Tempo de Fogo. Vítor Barros elabora uma síntese antropológica sobre alianças matrimoniais, Maria Otília Lage vai à infância buscar memórias de laços de amizade, intercalando-os com um estudo robusto sobre o concelho de Freixo de Espada à Cinta e Teixeira Leite esboçou uma aguarela sobre a igreja da freguesia. Focaram-se “Aspectos periféricos da religiosidade nos séculos XVII e XVIII” e Mandocas ficou-se pela lenda (ou mito de origem) da freguesia.
O capítulo completa-se com textos de profundo arrebatamento de alma, como os de Almeida Santos, Margarida Almeida Santos, Pedro Verdelho, Ilda Verdelho, Hirodino Isaías ou Rui Carvalho.
Aline Costa, Amadeu Martins, José Santos e Manuel Francisco, forneceram os seus testemunhos pessoais; de outras terras trata Hélder Gomes, encerrando-se com um poema a Nossa Senhora das Graças de Adelaide Neto.
O aspecto gráfico foi da chancela da Exoterra, a Edição é da Comissão de Festas de Nossa Senhora das Graças, sendo seu presidente António Neto, a que se deve a logística, e teve colaboração local de Carlos Novais, presidente da Junta de Freguesia de Lagoaça.
A nós coube-nos dar-lhe vida coordenando-a e organizando-a, com o prazer de um menino que lá longe ouviu contos dessas terras no regaço de sua avó materna.
E não só …

Armando Palavras


[1] Citámo-lo de memória. Por isso invertemos os nomes. Na verdade o título é “Senhor e Servo”.

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