sexta-feira, 28 de março de 2025

Recordando um ilustre Barrosão: José Taboada - Durante 20 anos presidiu à Câmara de Porto Santo

 


Recordando um ilustre Barrosão: José Taboada

Durante 20 anos presidiu à Câmara de Porto Santo.

1. José António Taboada nasceu em Montalegre, em 07‑01‑1920. Faleceu na Madeira, em Junho do ano 2000. Foi Presidente da Câmara de Porto Santo, du­rante vinte anos. Colaborou em diversos jornais e esteve ligado à fundação de algu­mas instituições, como a Casa de Barroso e a Casa Regional dos Transmontanos e Alto Durienses do Porto. Nos difíceis anos de 1920, era muito difícil ser funcionário público na própria vila onde se nascera, mas conseguiu um emprego no Estado que lhe permitiu ser transferido para Vila Pouca de Aguiar e, mais tarde, para o Porto Santo, na Madeira. Entre Porto Santo e a Madeira, prosseguiu funções até impor a sua simpatia e competência, conseguindo concorrer à Câmara local.

A esposa nasceu em Codeçoso da Chã e, dela, teve uma filha e um filho: Adozinda Afonso e Francisco António Caldas Taboada[1]. Esta fixou-se em Santiago de Cacém, onde foi Notária; e o filho - o Engº Francisco Taboada - foi empresário de sucesso na ilha da Madeira. Quando, em 2001, publiquei o 2º volume do Dicionário dos mais ilustres Transmontanos e Alto Durienses, convidei-o para elaborar a biografia do seu Pai, que conheci quando ambos colaborávamos no jornal a Voz de Trás-os-Montes. Esse testemunho saiu nas páginas 358 e 359 do referido volume.

José António Taboada faleceu há 25 anos e repousa na ilha do Porto Santo. Bem merecia o seu nome num espaço da vila onde nasceu. Pela verticalidade que manteve nos 80 anos de vida, entendi transcrever aqui essa nota biográfica assinada pelo seu filho Francisco, visando trazer à memória dos leitores, um barrosão de créditos firmados. Aqui fica esse testemunho:

«Nascido em Montalegre, José António Taboada exerceu, desde muito jo­vem, o cargo de ajudante de notário na sua terra natal. Nessas funções, desde muito cedo, calcorreou, a pé, a cavalo ou de bicicleta, meios de transporte disponíveis na primeira metade do século XX. Filho mais velho de uma família numerosa e pouco abastada, ajudou a criar os irmãos mais novos, já que muito cedo perdera o pai. Dotado de um enorme sentido humano e de uma grande paixão pela escrita, ávido pela leitura, cedo começou a dedicar‑se à literatura e à colaboração em várias publi­cações da época. No início dos anos ses­senta, em 1962, surge‑lhe a oportunidade de ocupar e exercer as funções de Notário da Ilha de Porto Santo, no Arquipélago da Madeira. Cedo a administração pública re­conhece as suas capacidades intelectuais e, dois anos depois, é convidado para Presi­dente da Câmara Municipal de Porto San­to, cargo que exerceu durante 14 anos. Des­cobre então outra grande paixão da sua vida, a Política. Reconhecido pela grande obra feita na Ilha, José António Taboada foi recon­duzido nas funções de primeira figura polí­tica e pública do concelho. Mesmo após a revolução dos cravos, em 1974, exerceu essas funções, até à sua aposentação. A par­tir daí, deixa a política activa e volta às paixões da leitura e da escrita. Dotado de uma cultura geral invejável, escreve e cola­bora com publicações nacionais e regionais. Escreveu regularmente em jornais do Bar­roso e participa na fundação do Notícias da Madeira, jornal diário editado no Funchal. Divide o resto da sua vida entre dois amo­res. A Madeira e a sua terra natal. Montalegre, as suas aldeias e costumes nunca deixaram de estar no seu coração. Sempre que podia dava uma fugida ao Barroso e vivia intensamente as feiras do fumeiro, as chegas de bois, e todas as manifestações sócio culturais do seu Barro­so. Ajudou‑me a reforçar a paixão que eu próprio tenho por Montalegre e pelo Barro­so, que é também a minha terra natal, con­tando‑me factos passados da sua história, e enchendo a minha casa de toda a literatura disponível sobre o nosso concelho. Lem­bro‑me de recentemente ter lido "Terra Fria" por sua influência. Passado em Padornelos, o romance deu‑me a visão de um tempo que eu já não conheci, mas que facilmente imaginei pela excelente narrativa de Ferreira de Castro. De trato simples, de conversa fácil, José António Taboada não perdia um bom momento de convívio. Bom conversa­dor tinha sempre uma história para contar e cativava a atenção de quantos o rodeavam. Homem de bem, sem grandes ambições materiais, tinha um enorme gosto pela vida, com uma atitude extremamente positiva perante as dificuldades e uma grande sere­nidade quanto ao futuro. Conquistava facil­mente a simpatia e amizade de quantos o conheciam e, apesar da sua idade, era im­pressionante a forma como se relacionava com os jovens e como se enquadrava, per­feitamente, em qualquer ambiente e forma de estar nos nossos tempos. O seu desapa­recimento foi sentido e a sua actividade política e social reconhecida pelas mais altas entidades políticas da Região Autónoma da Madeira, entre as quais, a Assembleia Legislativa Regional, o seu Presidente, de­putados e a própria Presidência do Gover­no. Com oitenta anos, sofrendo de doença grave prolongada, leu e escreveu até ao li­mite das suas forças, mantendo uma luci­dez perfeita até ao seu último dia de vida. Impressionante foi a forma como resistiu à doença com toda a força e dignidade. Não admira, era um Transmontano, de quem eu vou ter muitas saudades».

Barroso da Fonte


[1] Francisco António Caldas Taboada nasceu em Montalegre, em 16‑11‑1955. Especializou‑se em Engenharia Elétrica e, além de sócio, foi Presidente da empresa Taboada e Barros, SA. Anteriormente fora Dirigente da EEM ‑ Empresa de Electricidade da Ma­deira. A edição n.° 4 (Junho/1999) da revista Exame citou-o entre os 2500 quadros que mandam em Portugal.


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