Recordando
um ilustre Barrosão: José Taboada
Durante 20 anos presidiu à Câmara de Porto Santo.
1. José António Taboada nasceu
em Montalegre, em 07‑01‑1920. Faleceu na Madeira, em Junho do ano 2000. Foi
Presidente da Câmara de Porto Santo, durante vinte anos. Colaborou em diversos
jornais e esteve ligado à fundação de algumas instituições, como a Casa de
Barroso e a Casa Regional dos Transmontanos e Alto Durienses do Porto. Nos
difíceis anos de 1920, era muito difícil ser funcionário público na própria
vila onde se nascera, mas conseguiu um emprego no Estado que lhe permitiu ser
transferido para Vila Pouca de Aguiar e, mais tarde, para o Porto Santo, na
Madeira. Entre Porto Santo e a Madeira, prosseguiu funções até impor a sua
simpatia e competência, conseguindo concorrer à Câmara local.
A
esposa nasceu em Codeçoso da Chã e, dela, teve uma filha e um filho: Adozinda
Afonso e Francisco António Caldas Taboada[1].
Esta fixou-se em Santiago de Cacém, onde foi Notária; e o filho - o Engº
Francisco Taboada - foi empresário de sucesso na ilha da Madeira. Quando, em
2001, publiquei o 2º volume do Dicionário dos mais ilustres Transmontanos e
Alto Durienses, convidei-o para elaborar a biografia do seu Pai, que
conheci quando ambos colaborávamos no jornal a Voz de Trás-os-Montes. Esse
testemunho saiu nas páginas 358 e 359 do referido volume.
José
António Taboada faleceu
há 25 anos e repousa na ilha do Porto Santo. Bem merecia o seu nome num espaço
da vila onde nasceu. Pela verticalidade que manteve nos 80 anos de vida,
entendi transcrever aqui essa nota biográfica assinada pelo seu filho
Francisco, visando trazer à memória dos leitores, um barrosão de créditos
firmados. Aqui fica esse testemunho:
«Nascido em Montalegre, José António Taboada exerceu, desde muito jovem, o cargo de ajudante de notário na sua terra natal. Nessas funções, desde muito cedo, calcorreou, a pé, a cavalo ou de bicicleta, meios de transporte disponíveis na primeira metade do século XX. Filho mais velho de uma família numerosa e pouco abastada, ajudou a criar os irmãos mais novos, já que muito cedo perdera o pai. Dotado de um enorme sentido humano e de uma grande paixão pela escrita, ávido pela leitura, cedo começou a dedicar‑se à literatura e à colaboração em várias publicações da época. No início dos anos sessenta, em 1962, surge‑lhe a oportunidade de ocupar e exercer as funções de Notário da Ilha de Porto Santo, no Arquipélago da Madeira. Cedo a administração pública reconhece as suas capacidades intelectuais e, dois anos depois, é convidado para Presidente da Câmara Municipal de Porto Santo, cargo que exerceu durante 14 anos. Descobre então outra grande paixão da sua vida, a Política. Reconhecido pela grande obra feita na Ilha, José António Taboada foi reconduzido nas funções de primeira figura política e pública do concelho. Mesmo após a revolução dos cravos, em 1974, exerceu essas funções, até à sua aposentação. A partir daí, deixa a política activa e volta às paixões da leitura e da escrita. Dotado de uma cultura geral invejável, escreve e colabora com publicações nacionais e regionais. Escreveu regularmente em jornais do Barroso e participa na fundação do Notícias da Madeira, jornal diário editado no Funchal. Divide o resto da sua vida entre dois amores. A Madeira e a sua terra natal. Montalegre, as suas aldeias e costumes nunca deixaram de estar no seu coração. Sempre que podia dava uma fugida ao Barroso e vivia intensamente as feiras do fumeiro, as chegas de bois, e todas as manifestações sócio culturais do seu Barroso. Ajudou‑me a reforçar a paixão que eu próprio tenho por Montalegre e pelo Barroso, que é também a minha terra natal, contando‑me factos passados da sua história, e enchendo a minha casa de toda a literatura disponível sobre o nosso concelho. Lembro‑me de recentemente ter lido "Terra Fria" por sua influência. Passado em Padornelos, o romance deu‑me a visão de um tempo que eu já não conheci, mas que facilmente imaginei pela excelente narrativa de Ferreira de Castro. De trato simples, de conversa fácil, José António Taboada não perdia um bom momento de convívio. Bom conversador tinha sempre uma história para contar e cativava a atenção de quantos o rodeavam. Homem de bem, sem grandes ambições materiais, tinha um enorme gosto pela vida, com uma atitude extremamente positiva perante as dificuldades e uma grande serenidade quanto ao futuro. Conquistava facilmente a simpatia e amizade de quantos o conheciam e, apesar da sua idade, era impressionante a forma como se relacionava com os jovens e como se enquadrava, perfeitamente, em qualquer ambiente e forma de estar nos nossos tempos. O seu desaparecimento foi sentido e a sua actividade política e social reconhecida pelas mais altas entidades políticas da Região Autónoma da Madeira, entre as quais, a Assembleia Legislativa Regional, o seu Presidente, deputados e a própria Presidência do Governo. Com oitenta anos, sofrendo de doença grave prolongada, leu e escreveu até ao limite das suas forças, mantendo uma lucidez perfeita até ao seu último dia de vida. Impressionante foi a forma como resistiu à doença com toda a força e dignidade. Não admira, era um Transmontano, de quem eu vou ter muitas saudades».
Barroso da Fonte
[1] Francisco
António Caldas Taboada nasceu em Montalegre, em 16‑11‑1955. Especializou‑se em
Engenharia Elétrica e, além de sócio, foi Presidente da empresa Taboada e
Barros, SA. Anteriormente fora Dirigente da EEM ‑ Empresa de
Electricidade da Madeira. A edição n.° 4 (Junho/1999) da revista Exame
citou-o entre os 2500 quadros que mandam em Portugal.
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