segunda-feira, 18 de março de 2024

Combatentes do Ultramar - 50 anos depois chega o rebuçado aos ex-combatentes do Ultramar


É verdade: dia 25 de Abril de 1974, Portugal retomou o caminho que dia 24 de Junho de 2028, completará 900 anos. Ou seja: daqui a 4 anos a Portugalidade estará em festa. O governo Português que, à hora em que escrevo esta crónica, ainda se desconhece, deverá prestar contas, em novas eleições legislativas. Isto se o mandato que agora está em formação não tiver o destino que teve.  Com o pensamento que me vem ditando esta futurologia, sou reencaminhado para a revolução dos cravos cujo meio século vamos comemorar.

Na qualidade de Combatente, fui uma espécie de intruso, já nessa altura, em que fui convocado para o norte de Angola, sempre na Zona de Intervenção Norte, cujo coração bélico era Nambuangongo. Já nessa altura tive de requerer licença do ministério da guerra para poder ser jornalista e combatente.


Obviamente que a revolução dos cravos, ou outra com nome semelhante, teria que acontecer. visto que os povos, a oriente, que Portugal conquistara, desde o tratado de Tordesilhas, acordara a ocidente, como acontecera com o Brasil.

Portugal também se libertara da Espanha, em 1128, embora por razões hereditárias. E, embora os motivos fossem diferentes, também, na época dos descobrimentos, fez o que outros povos europeus fizeram, a oriente e a ocidente.


Deixamos para trás as motivações, os processos autonómicos, aconteceram. Os séculos em que fomos conquistadores, cumprimentos, com direitos e deveres, umas vezes, bem, outras nem por isso. Talvez se prolongasse no tempo, o reconhecimento dos direitos que alheios, coincidisse, a oriente, na África e na Índia, com situações, debilitadas, em que, Portugal cresceu excessivamente, com população a mais para território a menos.

Fosse como fosse a política gerou a ganância. E a ganância reverteu a favor do provérbio, a sua doutrina popular: «quem tudo quer tudo perde». Desde a implantação da República até ao advento da democracia, foi meio século para esquecer.

Entre 1910 e 1926 Portugal teve 45 governos de diversos tipos, sendo 17 de um só partido, três formados por militares e 21 por coligações e diversos tipos 3 militares e 21 coligações.

A ânsia de poder e a ganância de trepar os pobres para galopar no dorso dos ricos, foi o grande mal do século XX, a caminho do XXI.

Aquilo que se vive hoje remete para as guerras ancestrais. A tradição permite concluir que o homem é o lobo de si próprio. E «a intervenção militar na política republicana e a persistência de fações organizadas no interior das forças armadas precede o período do pós-guerra. A principal diferença Thomas Hobbes foi quem disse que “o Homem é o Lobo do Homem”. A frase é um dos principais argumentos que sustentam sua teoria política.  Ver nota 33, ao artigo de Manuel Baiôa.

Estamos à porta do golpe militar de 25 de Abril de 1974, que trocou o império pela demagogia popular. Foram os ideólogos insatisfeitos que o despoletaram, a partir dos filhos do povo que o fizeram, a seu mando, sem nunca, com as armas afiadas, pediram desculpa pela ingratidão para com os milicianos e soldadesca. O cúmulo desse impropério, nunca chegou aos ouvidos daqueles que arriscaram tudo para cumprirem um serviço cívico, que deveria ser feito, em primeira instância, pelos profissionais das armas. A prova dessa ingratidão encontra-se na listagem exposta no mural do Monumento aos Combatentes do Ultramar, junto ao Forte do Bom Sucesso, inaugurado em 1994 e custeado pelos Portugueses de todo o reduto.

Os Combatentes que foram encarrossados para os diferentes territórios, arregimentados pela Portugalidade e, sobretudo, os cerca de 9 mil mortos e, também, seus pares que suportaram os treze anos de guerra, além de nunca terem palco, nem voz, para reivindicarem a equidade democrática, que os profissionais da guerra, sempre tiveram e sempre conseguiram, ao contrário a raia miúda que desertou para sobreviver.

Foi necessário criar associações maiores ou menores, consoante o ramo e a especialidade que exerceram ao serviço cívico. Essa tarefa coube a cada núcleo, em função do espaço, do número e da residência de ex-Combatentes.

Nos primeiros governos da democracia os Combatentes serviram de tema, a prometer, mundos e fundos. A esquerda que sempre prometeu apoiar os indigentes, os desempregados e aqueles que carregam traumas sem solução, sempre se furtava nas discussões. Num governo em que dois ministros do CDS eram poder, com a Segurança Social e com as forças Armadas, criaram o chamado prémio das vindimas, por coincidir com a época desse fruto: 75, 100 ou 150 euros, consoante o tempo de serviço prestado: menos de um ano, um ano, dois anos. No 1º mandato de António Costa, escolheu uma secretária da Estado que prometeu, pela Lei 45/ 2020 atribuir apoios às viúvas ou viúvos, um cartão do Combatente, viagens pagas, só nos concelhos periféricos a Lisboa e Porto, entrada gratuita nos museus, isenção de taxas moderadoras no SNS, honras fúnebres, com  direito ao uso da Bandeira Nacional, o título de reconhecimento da Nação e a atribuição da insígnia de Antigo Combatente.

Chegaram a anunciar um subsídio monetário. Mas quem o viu? A lei 46/2020 foi promulgada em 20/8/2020. Tudo a passo de lesma. Fora de tempo e com uma grande percentagem de ex- combatentes que não foram contactados e informados capazmente.

O signatário recebeu no dia 15 do corrente, a dita insígnia que foi aprovada pela Portaria 3/2021 de 4 de janeiro.       

 

Agradecimento:

O autor recebeu no dia 15/3/2024, pelo correio, em envelope vulgar, a insígnia de antigo combatente, acompanhado de um impresso da República Portuguesa, assinado pela Senhora Ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, dizendo:

«Caro antigo Combatente, é com elevada estima e consideração que lhe enviamos a sua Insígnia de Antigo Combatente».

Dois anos depois é gratificante. E agradeço a circular, timbrada, com a histórica legenda: «titular de Reconhecimento da Nação». Além da Insígnia vinha o pin para usar na lapela.

Bonito gesto.


NOTA:

 

Face ao meio século do 25 de Abril de 1974 que vai ser celebrado com inteira justiça, entendo divulgar pelos órgãos possíveis uma versão que tem sido ignorada. É também na qualidade de ex-oficial de Operações Especiais que, aos 85 anos, me disponibilizo para sugerir pistas para tratamento informativo. Aproveito para informar que na qualidade de decano dos jornalistas Portugueses e através da Lusa, me solidarizei com a Greve de 24 horas da última semana.


Forneço o endereço do Alferes Miliciano José António Carvalho de Moura, Autor do Livro Os Galgos do Niassa -apontamentos da minha Comissão na Guerra Colonial (1967/1969) que poderá ser contactado para fornecer dados sobre o maior acidente que ocorreu durante os 13 anos de Guerra. Ele completa dia 19/3/2024 84 anos, reside em Montalegre onde nasceu e vive, tendo sido 4 mandatos o Presidente da Câmara Local. Tem os seguintes contactos:

Rua Miguel Torga, 492 5470-211 Montalegre

tel :276 512 285

914 521 740

email:carvalhodemoura2017@gmail.com

 

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