O então Presidente da
República, Mário Soares, recusou o convite, alegando que essa intenção
implicava uma imagem pública de concordância com a Guerra do Ultramar que ele
não partilhava. Tal recusa fez com que a Comissão de Honra não fosse por
diante. Apesar dessa resistência a Comissão Executiva não desanimou, antes
entendeu que deveria ter «o vulto de um Monumento Nacional» e que era urgente a
sua construção. E para ter a maior dignidade e transmitir força, serenidade e respeito,
deveria convidar à meditação profunda do amor à Pátria e à exaltação do
cumprimento do dever cívico. Mais: deveria prever-se a organização adicional de
um Museu do Combatente.
Como apareceu ali, em tão nobre espaço, tão insólito e polémico
Monumento que perpetuará, pelos séculos fora, «os melhores de nós todos», que
foram cerca de um milhão de jovens, nove mil dos quais perderam a vida, entre
1961 e 1974, durante a guerra do Ultramar, que ao tempo era Português?
Era
preciso fazer a História desse tão simbólico Monumento, cuja ideia nasceu em
Guimarães, em 1984, no seio da Associação dos ex-Combatentes do Ultramar. Mais
tarde alterou o nome para Associação Nacional dos Combatentes do Ultramar
(ANCU).
Em 29 de Janeiro de 1987, na sede da Liga dos Combatentes, foi constituída a Comissão Executiva, formada por representantes de oito instituições, alinhadas por ordem cronológica da sua fundação, a saber: Sociedade Histórica da Independência de Portugal (1861), Sociedade de Geografia de Lisboa (1875), Liga dos Combatentes (1924), ADFA (1974), Associação de Comandos (1975), AEFAP (1977), Associação dos Ex-Combatentes do Ultramar (1982) e Associação da Força Aérea Portuguesa (1983). Nessa data foi deliberado, por unanimidade, confiar a presidência dessa Comissão ao General Altino de Magalhães, na sua qualidade de Presidente da Liga dos Combatentes. Para além da Comissão Executiva foram também instituídas: a Comissão Técnica, para elaboração do projeto do Monumento e a abertura de concurso público, aberto a todas as equipas de reconhecido mérito em arquitetura; e a Comissão de Honra para que a construção do Monumento envolvesse toda a sociedade civil, desde o Presidente da República, a todos os órgãos de soberania.
O Ministro da
Presidência e da Defesa Nacional, Eurico de Melo, concordou com o caderno
proposto pela Comissão Executiva e aprovou o espaço sugerido para a construção
do Monumento, processo moroso que apenas foi concluído em 21/09/1990, já sob a
tutela do Ministro Fernando Nogueira. A abertura do concurso para o projeto foi
publicada no Diário da República de 5 de Maio de 1991, III série, e
ganhou-o a proposta do Arqtº Francisco Guedes de Carvalho. A execução desse
projeto foi entregue, por unanimidade e sem reclamações dos restantes quatro
concorrentes, à Firma Amadeu Gaudêncio que apresentou a proposta mais baixa:
95.598.967$00. A obra seria inaugurada, solenemente, em 15/01/1994, sob a
Presidência do PR, Mário Soares, debaixo de muitos apupos e grande contestação.
O orador oficial
convidado foi o Prof. Doutor Adriano Moreira. Do Ministério da Defesa, de
algumas Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia, empresas e cidadãos
individuais, foram reunidos 8.839.540$00.
Com algumas verbas que
sobraram foi deliberado colocar, nas muralhas do Forte do Bom Sucesso, os nomes
de todos aqueles que perderam a vida em combate. E foram cerca de 9 mil. Essa
segunda inauguração ocorreu em 5/2/2000. Por despacho de 16/10/1998 a Comissão
Executiva foi dissolvida, por já não se justificar. E foi atribuída à Liga dos
Combatentes a gestão daquele Monumento e espaço envolvente.
Tudo isto e algo mais,
pode ler-se no livro Monumento aos Combatentes do Ultramar (1961-1974),
da autoria do General Altino de Magalhães que nasceu em Carrazeda de Ansiães,
em 1922, e que, ao tempo, era Presidente da Liga. Um valioso testemunho porque
ninguém melhor do que ele conheceu os passos deste Monumento Nacional. À sua
sombra passou a celebrar-se todos os anos, no dia 10 de Junho, a
confraternização anual dos Combatentes, aos quais passaram a ajuntar-se aqueles
que vieram a ser destacados para as missões de paz nos diversos palcos de
guerra do mundo.
Para liderar a
organização, em 10 de Junho de cada ano, foi fundado o «Movimento 10 de Junho»
cuja ideia partiu do Coronel Caçorino Dias. A escritura pública desse Movimento
foi celebrada em Guimarães. E o signatário desta nota de leitura foi o
outorgante nº 2, em homenagem ao facto de ser o fundador e Presidente da ANCU
(Associação Nacional dos Combatentes do Ultramar), da qual nasceu a ideia do
Monumento.
Em 2002 a ANCU mudou a
sede para Tondela, onde encontrou toda a recetividade, ao contrário de
Guimarães, onde a autarquia, presidida por um furriel, obstaculizou desde 1982,
tudo o que dele dependia.
A Liga dos Combatentes,
a quem a Comissão promotora do Monumento confiou a administração, deixou de
celebrar o aniversário que foi em 15/01/1994.
BF
Aqui nesta Nação, Portugal, do que se não esquecem é dos milhões que vêm da UE e que dão vida "boa" a meia dúzia de galfarros "novos ricos" elegidos por chaboucos... , e que são desbaratados com indemnizações às cegas e jantaradas, e viagens até para ver futebol - como quem vai ali a Odivelas ver o rio Trancão e o Altar para não dar o sol nas rezas... - As origens e as Mães que viram os filhos regressar em caixas de madeira -isso é para esquecer!! Com tanto milhãozinho agora moderno, há que aproveitar o momento... o comboio do "poder" passa muito rápido, principalmente agora !! Só vaidade e futilidade nas cabeças destes Governantes!
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