terça-feira, 28 de setembro de 2021

ODE A UMA ÁRVORE.

 

ODE A UMA ÁRVORE.

 

 

Árvore, minha irmã na natureza,

De ti recebo seiva, sombra e frutos.

E foi contigo que aprendi também,

A amar a tua generosidade e beleza,

Com a ajuda e o saber da minha mãe.

 

Quando os meus olhos castanhos,

Se deleitavam a contemplar,

Os teus braços, fortes e tamanhos,

Que dançavam com o vento norte.

E acolhiam neles as avezinhas,

No jardim, na floresta, ou no deserto,

Para fazerem os ninhos, a céu aberto.

 

E foi com o balançar dos teus ramos,

E o som harmonioso da sua folhagem,

Que uma constante e suave aragem,

Fazia balançar, qual quimera,

Em calmas manhãs da Primavera,

Que eu imaginava cantares Gregorianos,

Numa catedral com mais de mil anos.

 

E também foste tu, querida árvore,

Que me ensinaste a crescer.

Quando convivíamos lado a lado,

E eras tão frágil quanto eu,

Há pouco tempo acabado de nascer.

Que se uma delicada borboleta,

Pousasse em ti, não a podias suportar,

Nos teus bracinhos, virados para o céu,

A espera da chuva e da luz solar.

 

Até que te tornaste um gigante,

Com tronco forte e braços enormes,

Capaz de enfrentar a todo o instante,

A fúria dos elementos e a incúria dos homens.

Por isso, vais durar mil anos e morrer de pé.

Mas se tal não acontecer, e algo te derrubar,

Podes crer que eu junto de ti, se ainda cá estiver,

Com certeza que vou chorar.

 

João de Deus Rodrigues


1 comentário:

  1. Ninguém melhor do que o poeta para exprimir os seus sentimentos através da arte da poesia.
    Gostei.

    ResponderEliminar

Sacramomentos

 Acaba de sair novo livro do escritor transmontano, Flávio Vara. Poesia a sério!