António Magalhães
É Burro…
A discussão tinha despoletado
Quando a mesa estremeceu, com o murro,
Porque teimoso como era, mesmo que enganado,
Afirmava o que não sabia, o Burro.
É azul toda a erva que se estende neste prado,
Disse com certezas de quem a verdade denigre,
Certezas de um Burro teimoso e de mente,
fechado,
É verde toda a erva deste prado, afirmava o
Tigre.
Não chegando a um consenso nesta discussão,
Porque argumentar com o Burro é batalha que se
perde,
Solicitaram o arbítrio do rei da selva, o Leão,
Para que este esclarecesse que não é azul a
erva, mas verde.
Disse o rei Leão na sua infinita sabedoria,
Condeno o Tigre a três dias de boca fechada,
E o Burro que mal cabia em si de alegria
Saiu correndo e saltando sem querer ouvir mais
nada.
Perguntou então o Tigre a sua majestade,
Senhor Rei que do trono da sabedoria tudo
observa,
Porque sou punido quando o que digo é a verdade
Pois sabeis bem que é verde e não azul, a erva.
Não te puni por ser verde ou azul a erva
Mas, corajoso e inteligente que és, foste
casmurro
E eu não aceito e até me enerva
Que percas tempo a argumentar com um Burro.
Não percas tempo com quem,
Mesmo com as evidências em frente do seu nariz
É incapaz de ouvir mais alguém
Que não seja a voz do seu ego e o que ela diz.
Cumpre o teu castigo e nele medita
Esquece o teimoso, encerra-o no curro
Pois é cego pelo ego e egoísmo em que acredita
Porque é ignorante, para além de Burro.
Digas o que disseres, vai estar sempre certo
Porque não tem capacidade de ser coerente
Por isso, quando a ignorância estiver por perto
A inteligência, segue em frente.
Possivelmente Poemas
António Magalhães
Sem comentários:
Enviar um comentário