segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Antologia sobre a Castanha e o Castanheiro

 

BARROSO da
FONTE
 Este mais recente «filho bibliográfico», deve ser a consagração de Jorge Lage na área da Castanha e, por simpatia, do castanheiro. Fechará um ciclo de formação popular e científica que poderá ocorrer, pela próxima primavera, com uma apresentação pública e celebrativa dessa façanha. Não conheço no país a que pertenço e pelo qual tenho lutado, estoicamente, em 67 anos de jornalismo, de cultura geral e de solidariedade social, personalidade que tenha dado a este produto natural tanto esforço, tanto apreço e tanta pedagogia.

No período de tempo, desde a primeira dedicação ao estudo do Castanheiro e da Castanha, já saíram das universidades Portuguesas ninhadas de técnicos e de técnicos superiores que não fizeram tanto por este tema universal, como  Jorge Lage, o autor desta Antologia que anuncia para breve.

Este relevante contributo individual merecerá que no próximo dia mundial da Árvore, todos os cidadãos que sejam sensíveis a este apelo, promovam um programa em que possam participar, em consonância com as regras da Direção - Geral da Saúde todos aqueles que desejem manifestar o seu apreço pelo excelente exemplo de Jorge Lage, um cidadão comprometido com uma causa de interesse público que remonta aos primórdios da humanidade.

Infelizmente o Portugal dos nossos dias, depois de esventrar a agricultura e de, anualmente, assistir à redução, a cinzas das Florestas que tanta falta fazem à sociedade vivente, não tem um poder político capaz de garantir aos milhares de cidadãos que vivem ao deus-dará, sem compensações reais, oportunas e ajustadas para as calamidades naturais.

A adesão à União Europeia destruiu a agricultura, nua e pura. Ela foi, na minha geração, a tábua de salvação para o país real. Era custosa, árdua e ingrata para quem nela investia o seu esforço pessoal, familiar e comunitário. E também a sua ânsia de produzir mais e melhor. A agropecuária prosperava. Quem tivesse mais terras, mais plantios e mais astúcia, singrava.

Quando os lavradores tiveram acesso à maquinaria, à modernidade e ao exemplo dos vizinhos mais ousados, imitavam as boas práticas e a agricultura compensava. A guerra do Ultramar, a emigração e o fascínio de formação dos mais protegidos da sorte, graças ao fim da guerra e à introdução do sistema político que teria de dar-se, fosse pelo processo que foi, fosse por outro equiparado, tudo mudou. Os excessos escavaram a sociedade. Em vez da liberdade moderada, logo se viu que iria chegar uma libertinagem difícil de controlar. Em vez do emprego e do investimento tecnológico chegaram o desemprego, a destruição massiva dos postos de trabalho e a desmotivação empresarial. Os experimentados técnicos florestais, analistas de variedades arbóreas, autoridades científicas de espécimes nocivas, destruidoras e contagiosas, deram lugar a politiquelhos de meia tigela que vão passar à história como coveiros dos bons costumes da raça que os pariu.

Um exemplo caseiro. Conheço um caso demonstrativo do pântano em que caímos. Há cerca de quinze anos um popular da minha aldeia plantou 52 castanheiros numa propriedade que, anos antes dava batatas e centeio. Adquiridos numa empresa vizinha, foram crescendo. Dez dessa meia centena secaram. Três dúzias chegaram a ter ouriços. Mas em 2019 os ouriços já nem deram ouriços e no ano em curso nem ouriços nem sinal de vida, ao que se supõe, por causa do escaravelho desse tipo de árvore que nestes dois anos seguidos, revelaram total fracasso.

Num tempo e numa região propícia para o desenvolvimento do castanheiro, sabendo-se que desde tempos idos, constituiu uma fonte de receita para agregados familiares nesta quadra do ano, o ministério competente deveria informar-se para formar e informar os proprietários. Não basta dizer que existe um serviço, em tal parte que explica isto ou aquilo sobre o novo parasita do castanheiro. Esses serviços não devem esperar que os lavradores se desloquem à sede de concelho, na vila ou na cidade, para se informarem. Devem ser informados nos locais «do crime» por quem lhes deu a formação e lhes paga a mensalidade. Vivemos num tempo do «salve-se quem puder». Já não por causa da pandemia. Mas sim por causa da incompetência, da impreparação e da lei do salve-se quem puder. Barroso da Fonte

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