MÁRIO ADÃO MAGALHÃES
A língua portuguesa é
aquele lugar comum, aquele signo que diz “a língua portuguesa é muito
traiçoeira”.
Há muitos truques,
digamos assim, para fazer analogias ou criar imagens na memória para saber como
se escreve determinado termo – por exemplo “Emigrar” e “Imigrar”(*), ou
pontuação e acentuação.
Claro que isto vale para
sempre, mas a informática torna isto mais prescindível. Pode, contudo, ser dois
em um: aprender ou avivar a memória e, quiçá, divertir com alguns exemplos que
trago, mas poderei voltar com ambos os propósitos.
Senão, porra! A ideia é
simplificar e se fosse uma coisa muito pesada, especialmente em tempo balnear,
não seria tão agradável.
Observemos a importância
da mais simples pontuação:
“O presidente compareceu
à reunião, acompanhado da secretária, do director e do coordenador.” = Ele foi
com três pessoas.
“O presidente compareceu
à reunião, acompanhado da secretária do director e do coordenador.” = Agora ele
foi só com duas pessoas. – O director não foi, e a secretária é a do director e
não do presidente.
Temos outro caso
igualmente útil, útil e igualmente com graça:
“Se o homem soubesse o
valor que tem a mulher, atenderia todos os seus desejos. = “Se o homem soubesse
o valor que tem, a mulher atenderia todos os seus desejos.”
Pese eu não me lembre da
seguinte prática, foi esta, além do meu gosto natural, a primeira que me chamou
à atenção, até pelo simbolismo: “Salazar pode morrer. Não faz falta à nação.” =
“Salazar pode morrer? Não! Faz falta à nação”.
Para terminar com uma de truz:
“O caçador tinha um cão e a mãe do caçador era também o pai do cão”. = “O
caçador tinha um cão e a mãe; do caçador era também o pai do cão”.
Mário Adão Magalhães
(Não pratico
deliberadamente o chamado Acordo Ortográfico)
(*) O meu truque, que é a
parte cómica da coisa, para não confundir quando devia escrever, por exemplo,
“Emigrar” e “Imigrar”, eu pensava nas vogais: “e” e “i”. A “Emigrar” eu
associava “e”, e a “Imigrar” associava “i”. Como “e” é primeiro que “i”
associava que primeiro estava o desejo de sair e por fim entrar na aula.
NB: As “referências” que
faço são maioritariamente da minha memória. Mas como consultei também esse
tratado que é o livro “A Linguagem dos Jornalistas”, desse mago que é Orlando
Raimundo, aproveito para o evocar, entre mais, o facto de ter sido meu monitor
no CENJOR de que foi fundador. Além de jornalista, escritor e investigador
fundamental na contemporaneidade.
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