sábado, 4 de julho de 2020

Reflexões JBM « “Saber Ler a História dos Povos “ - 1




J. Barreiros Martins Prof. Cat. Emérito Jubilado da Universidade do Minho

Braga, Julho_2020 


A História da Colonização e Descolonização de Moçambique continua a ser muito mal tratada em revistas, em jornais e em livros, escritos por portugueses, por moçambicanos e sobretudo por estrangeiros. O mesmo se pode dizer da História da Colonização e Descolonização de Angola. A História da Colonização e Descolonização é tratada por milhentos brasileiros de forma muito diversificada e confusa e muito mal tratada por alguns estrangeiros. A História da Colonização e Descolonização da Guiné Bissau também é mal tratada como as de Angola e Moçambique. Porém, isso não é só válido para os países de Língua Oficial Portuguesa. A História da Colonização e Descolonização do ex-Congo Belga, que envolve os países designados por República Centro-Africana e República Democrática do Congo, é de igual modo muito mal tratada em revistas, em jornais e em livros, escritos em Francês e em Inglês. Tudo igual para a História da Colonização e Descolonização de outros territórios africanos de língua oficial francesa, do Centro e do Norte de África, (Tunísia, Argélia, Benim, Burquina Faso, Costa do Marfim, Mali, Níger, Senegal e o Togo).
Quanto à História da Colonização e Descolonização da Guiné-Conacri, pouco se fala. Só, de quando em vez , se fala em Francês ou Ingês dos desmandos e crimes do actual Ditador presidente Alpha Condé . Este há uns 2 anos veio a Portugal dizer que queria a Guiné-Conacri dentro da organização dos PALOP  e que, para isso, o Português iria ser declarado 2ª língua oficial da Guiné-Conacri e que com isso as empresas portuguesas se poderiam instalar e desenvolver lá negócios úteis para os dois países. Porém, as populações desse país não têm mais meios de sobrevivência que as da Guiné-Bissau.
Em Cabo Verde a Descolonização pouco prejudicou as populações que vivem muito do fluxo turístico que é importante. Existem lá boas praias para se passar férias e baixos preços e com comidas portuguesas apetecidas por estrangeiros. Mesmo assim, os jovens cabo-verdianos emigram para Portugal à procura de melhor vida.

Foi o único que disse a verdade antes de falecer: que a descolonização portuguesa tinha sido uma tragédia! (comentário de Tempo Caminhado)

A História da entrega do poder a Nelson Mandela, logo designado presidente, feita pelo Governo Branco da África do Sul, seguida de outros presidentes e governos,  também é muito mal tratada em articulistas de muitos países. E ninguém fala na História das sangrentas guerras Anglo-Boers, entre ingleses e holandeses pela posse do enorme território da África do Sul onde se localizam as maiores minas de ouro e pedras preciosas de todo o mundo. 
E já ninguém diz, ou escreve, uma palavra sobre a História da Colonização e Descolonização das ex-Rodésias do Sul e do Norte designados hoje por Zimbabué e
Zâmbia. Muito menos se fala ou escreve sobre a extensíssima rede de caminhos de ferro transfronteiriça que permitia ir de Lourenço Marques (Maputo) às Quedas de Água (cataratas) Vitória ( as maiores do mundo) na fronteira da Zâmbia com o Zimbabué. Era possível, antes da Independência Exemplar de Moçambique embarcar ao sol-posto em LMarques , dormir no comboio e chegar de manhã a
Bulawayo . Ficar o dia a ver a cidade e embarcar ao sol-posto no comboio chegando às cataratas Vitória na manhã seguinte, ver as ditas quedas e o parque maravilhoso local e fazer o percurso inverso para L Marques dormindo sempre dentro do comboio . Hoje essa linha de caminho de ferro só tem capim e arbustos pelo meio. A Colónia Britânica chamada Rodésia do Sul,  fundada em 1887, tinha como capital a bela cidade de Salisbury. (Esse território bastante extenso foi “descoberto”, mas não colonizado, pelos portugueses no século XV. Só no XIX os ingleses lá implantaram colonos. Para tentarem evitar uma independência “Exemplar” os colonos brancos fizeram em 1979 uma “Declaração Unilateral de Independência” e deram ao território o nome de “República da Rodésia”, a qual durou só um ano. Em 1980 . o próprio Reino Unido concedeu a Independência à Rodésia do Sul que, sob a Presidência do Ditador Albert Mugabe que comandava o partido armado de nome “African National Union (ZANU)”.
 Mugabe que logo mudou o nome da Capital  de Salisbury para HARARE  
SENEGAL
Esse território, sob orientação de Agricultores brancos, produzia a maior quantidade de folha de tabaco do mundo e também produzia chá, café e muito cereais e carnes de gado variado criado em grande herdades ; sendo tudo exportado para a Europa e outra partes do mundo pelo porto da Beira (Moçambique) e transportado através da via férrea Beira Railways. Havia vários comboios por dia, pois as quantidade a transportar eram grandes e a própria cidade da Beira recebia produtos “frescos “ da Rodésia do Sul. Com isso beneficiavam as populações negras e colonos do território e as próprias populações de moçambique que moravam não longe dessa vi férrea e precisavam de ir à Beira cidade. Pois a 2ª  “grande” decisão do Ditador Mugabe que governou o Zimbabué durante 37 anos, foi expulsar os Agricultores brancos. Resultado imediato: as explorações agrícolas ficam sem “COMANDO”. As populações foram abatendo e comendo o gado que havia e os cereais armazenados, até que tudo se esgotou e passaram a viver de “esmolas” e empréstimos nomeadamente da África do Sul. Mas, Mugabe arranjou uma mulher, algumas dezenas de anos mais nova que ele, a qual comprou em Moscovo, o brilhante, que então era o mais valioso do mundo, (Moscovo e os “donos” da URSS tiveram “dedo grande” no envio de armas para a ZANU e foram ressarcidos de múltiplas maneiras) . Mas nada disto de podia (e pode) dizer-se dentro e fora do Zimbabué, nem os jornalistas se interessam por estas “Histórias”.
De forma menos turbulenta, em 1964, o Reino Unido concedeu a Independência à Zâmbia, ex-Rodésia do Norte, de capital em Lusaka,  onde o Mário Soares, tendo por de trás o Cunhal deu a Independência “Exemplar” a Moçambique. 
A situação, hoje, é tal que a Embaixada de Portugal diz aos viajantes que lá têm de ir:  É necessário especial cuidado ao viajar pelas áreas rurais das províncias de North Western, Copperbelt, Central e Luapula, perto da fronteira com a República Democrática do Congo (RDC), particularmente depois do anoitecer”.

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