terça-feira, 1 de outubro de 2019

Novas e curiosas formas de censura


Por BARROSO da FONTE

O governo que oficialmente termina o seu mandato no próximo domingo não deixa saudades.
Teve a demoníaca ideia de alterar as regras do jogo que a tradição firmara ao longo de 40 anos.
Da solução histórica nasceu a «geringonça» que obrigou muitos eleitores a engolir sapos vivos.
Alguns desses sapos introduziram na sociedade Portuguesa leis iníquas que os nossos antepassados dariam voltas nos túmulos se ressuscitassem e pudessem conhecer o que alguns dos seus descendentes introduziram no mundo que eles nos legaram.
As campanhas eleitorais destinam-se a fazer o balanço do trabalho de quatro anos. Tal e qual se faz nas associações, nos conselhos de administração, nos institutos, nos fins de qualquer feira da ladra.
São os tais balanços, acrescidos do relatório das contas positivas e/ou negativas, às vezes com prémios outras vezes com castigos para os executantes.
Na campanha que está em curso, esses executantes são obrigados a explicar todas as dúvidas acerca dos êxitos ou fracassos. É um direito que têm os eleitores e também os candidatos que se perfilam rumo a novo mandato.
O executivo tem obrigação de responder, sem remoques, a quanto se questiona. Ora é aqui que reside a prepotência, o desplante, a fúria de quem se furta a responder, ou a responder torto, grosseiro e prepotente.
Os eleitores ou quem os representa têm pleno direito a questionar todos aqueles que tiveram funções governativas. Ora António Costa disse abertamente nas televisões, «Não Admito»!
Já tinha dito que em política não se deve «levar à letra» o significado das palavras. Num jurista esta afirmação é excessivamente comprometedora.
António Costa andou quatro anos a acusar Passos Coelho de má governação. Depois do que fez ao seu camarada António José Seguro e dos desastrados «casos» com os incêndios que fizeram tantas vítimas mortais, com os escândalos dos dinheiros doados para a recuperação das casas, com as pedreiras, com Tancos, deveria ter uma linguagem para com quem lhe recuperou as finanças públicas, deixadas pelo governo de Sócrates e do qual ele era o número dois.
Do alto dos meus quase 66 anos de jornalismo militante e quarenta e cinco de democracia, nunca tive tanto receio em escrever aquilo que queria dizer, como nestes últimos meses de campanha eleitoral. Li numa fonte credível que o líder do PS gastou 75% do tempo de antena, sendo os restantes 25%, distribuídos pelas diferentes forças partidárias. Desde as primeiras eleições livres, se habituaram os portugueses a seguir a ordenação desses tempos de antena do mais, para o menos, votado. Que eu saiba não foi alterada essa ordenação que deveria manter-se, enquanto não houvesse novas eleições legislativas. Como se sabe, a «geringonça» que nos governou nestes quatro anos, foi constituída por três partidos, perfeitamente identificados. O critério dos tempos de antena deveria manter-se até dia 6 de Outubro próximo porque quem ganhou essas eleições foi o PSD. Este é um novo atropelo à liberdade de expressão, ou uma nova forma de censura.
Outro exemplo não menos eloquente foi a suspensão do programa «sexta às 9», da autoria de Sandra Felgueiras, na RTP. Incrivelmente foi suspenso e/ou e adiado, sendo um dos melhores programas de investigação televisiva, apenas para omitir a verdade, o que constituiu uma afronta à democracia.

No jornal abc de 27 de Setembro findo publicou-se uma carta da deputada europeia, Ana Gomes: «aos prezados Comissários», afirmando: «Envio, em anexo, informação recentemente publicada pelos media portugueses sobre o último escândalo que está, desde 27, a abalar a opinião pública em Portugal. Relaciona-se com os bancos da Caixa Geral de Depósitos, que é detido pelo Estado, e Novo Banco (NB), sucessor do falido Banco Espírito Santo, com 75% das acções vendidas, em 2017, pelo Governo ao americano Lone Star Fund. Os media portugueses tiveram acesso ao relatório de uma auditoria levada a cabo pela Ernest & Young, de acordo com a qual os prejuízos do CGD atingem os 1200 milhões de euros, em resultado de cerca de 40 créditos de alto risco, que foram concedidos entre os anos de 2000 e 2015. Apenas um destes empréstimos por reembolsar atinge o valor de 500 milhões de euros! O relatório indica que, em alguns casos, sucessivas direções da CGD, deliberadamente ignoraram os pareceres dos departamentos de controlo internos, enquanto noutros casos esses pareceres nunca foram solicitados. Isto indica que vários gestores de topo da CGD contribuíram, ativamente, para a criação de prejuízos ao, deliberadamente, concederem créditos com pouco ou deficiente colateral. 0s contribuintes portugueses já pagaram 5,7 mil milhões de euros para resgatar a CGD. Embora a maioria dos portugueses defendam que a CGD deve permanecer sob o controlo do Estado, não podendo aceitar a opacidade que protege gestores corruptos ou incompetentes e criminosos beneficiários de elevados empréstimos por reembolsar, assim lhes proporcionando impunidade. A lista dos maiores devedores responsáveis pelo crédito malparado da CGD passou agora a ser do domínio público, contrariando vigorosos esforços da direcção da CGD e do Governo para impedir a sua divulgação, recusando mesmo submetê-la ao Parlamento português, chegando a recorrer a decisões judiciais para esse fim».
GRAMSCI, o principal ideólogo comunista
do Ocidente, e em cujas teses se apoia
 esta imprensa corrupta
A corajosa deputada socialista apelou aos «prezados Comissários» que indiquem ao governo português que «deve agir de forma a que todos os indivíduos ou empresas reembolsem os créditos malparados e que assegurem que os anteriores gestores da CGD sejam processados pelas responsabilidades em gestão criminosa e fraude em relação aos fundos da Caixa, do Tesouro e dos contribuintes».
Este é o exemplo preclaro de que nem Ana Gomes pode dizer na imprensa nacional, sendo preciso recorrer ao abc que é online e destinado aos emigrantes da Diáspora pela mão atenta de Raul Mesquita.

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