quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Museu Terra de Miranda mostra obra de Pieter Balten



O calendário, agora redescoberto e trazido a uma “nova luz de conhecimento” por Vítor Serrão, é um “verdadeiro tesouro” que, “quase milagrosamente”, chegou íntegro aos nossos dias e num notável estado de conservação.

O Museu da Terra de Miranda, em Miranda do Douro, inaugura, no próximo dia 11 de outubro, pelas 17h00, a exposição “os retratos dos Meses da Sé de Miranda do Douro: uma rara alegoria pintada em Antuérpia por Pieter Balten”.
“Trata-se de uma série pictórica conhecida como ‘O Calendário da Sé de Miranda do Douro’, com cerca de 440 anos, que agora é mostrado ao público pela primeira vez. É um extraordinário conjunto de doze pequenos quadros, pintados sobre madeira, representando, de forma intimista e evocando o quotidiano rural, o ciclo dos meses do ano”, explica à Renascença a diretora do Museu da Terra de Miranda (MTM), Celina Pinto.
De acordo com a recente investigação feita pelo historiador de arte Vitor Serrão, os quadros foram encomendados em 1580, pelo 5.º bispo da diocese de Miranda do Douro, Jerónimo de Meneses, em Antuérpia, na Flandres (Bélgica), atribuindo-se a autoria da obra a Pieter Balten, pintor, gravador e ilustrador.
“Rara pela sua integridade, autoria, antiguidade, proveniência e estado de conservação, este “Calendário” é agora (re)descoberto e trazido a uma nova luz de conhecimento por Vítor Serrão, que o atribui a Pieter Balten (Antuérpia, 1527-1584), um dos principais inventores da pintura de cenas do quotidiano na arte flamenga e holandesa, sucedido nesse estilo por um seu discípulo, o famoso pintor brabantino Pieter Bruegel”, observa a diretora do MTM.
A responsável sublinha que “o conhecimento académico do ‘Calendário’ é relativamente inédito em muitos aspetos”, na medida em que “estabelece o novo patamar de valor artístico, histórico e museológico”.
“É um conhecimento alicerçado tanto na grande qualidade intrínseca das obras, como pela exemplaridade e singularidade com que se inserem no contexto histórico nacional da região de Trás-os-Montes e, em particular, da vitalidade cultural da sede do bispado de Miranda do Douro”, explicita.
O conjunto de pinturas dos “Meses”, outra designação pela qual é conhecido, desde há muito decora as paredes da sacristia da concatedral de Miranda do Douro, mas poderá ter sido originária nas coleções artísticas outrora conservadas no Paço Episcopal, anexo à Catedral de Miranda, um impressionante palácio desaparecido no século XX e de que subsiste apenas a arcaria do claustro.
Obras de Pieter Balten
“O calendário é um verdadeiro tesouro que, quase milagrosamente, chegou íntegro aos nossos dias e num notável estado de conservação”, conclui Celina Pinto.
Ainda segundo a diretora do MTM, a divulgação deste conjunto pictórico torna-se, agora, possível no âmbito do programa NORTEAR que visa o desenvolvimento cultural e patrimonial, de âmbito transfronteiriço, envolvendo instituições portuguesas e espanholas.
No programa NORTEAR estão envolvidas entidades como o Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial – Galiza e Norte de Portugal (AECT-GNP), a Direção Regional de Cultura do Norte, em articulação com o Museu da Terra de Miranda e com a Concatedral de Miranda do Douro, e a Xunta de Galicia.

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