Depois de o Sexta às 9 não ter regressado a 13 de
setembro, como estava previsto, a RTP anuncia nova data para o regresso: a
primeira sexta-feira depois das eleições.
Daniela Soares Ferreira
A RTP anunciou ontem que o programa Sexta às 9, que
está fora do ar deste o dia 19 de julho, regressará a 11 de setembro. Ou seja,
na sexta-feira seguinte às eleições legislativas.
«A primeira emissão do Sexta às 9 está agendada para
o dia 13 de setembro. Até lá há muito para investigar», lia-se na página do
próprio programa da televisão pública. Mas a verdade é que o programa não
voltou à antena da RTP nessa data, o que levou Eduardo Cintra Torres a escrever
uma crónica no Correio da Manhã criticando a ‘interrupção’. Na sua opinião,
existem «fios invisíveis» que sugerem que a direção da estação pública tem
assumido uma «servidão voluntária» face ao Governo de António Costa.
Ao SOL, a direção de informação da estação pública
contrariou as ‘críticas’ avançadas por Cintra Torres, garantindo que estão em
causa apenas ajustes na grelha de programação: «A direção de informação
desmente a suspensão de qualquer programa sob sua responsabilidade. Houve e
continuará a haver ajustes de programação em função da cobertura da campanha
eleitoral. Todas as alterações foram articuladas com os responsáveis dos vários
programas». No dia seguinte, era publicado na página de Facebook do programa
que o Sexta às 9 estará de regresso a 11 de outubro, a sexta-feira a seguir às
eleições legislativas.
Apesar desta justificação, o SOL sabe que existe um
clima de tensão na RTP principalmente no que diz respeito ao programa Sexta às
9 e à sua equipa, uma vez que temas como o caso Familygate e o negócio do lítio
deixaram a direção incomodada. Pelo menos é isso que garante uma fonte do canal
público: «Há uma relação tensa e é notório o desinvestimento no programa,
nomeadamente na equipa. A direção de informação não acha piada a nada que ponha
em causa o poder», refere ao SOL.
Até porque esta é a primeira vez que a RTP altera a
data de regresso de um programa de investigação devido às eleições, pelo menos
desde as Legislativas de 2015. Também não aconteceu em outros atos eleitorais.
Aliás, o programa foi emitido a 2 de outubro de 2015, dois dias antes das
eleições legislativas.
O SOL tentou contactar Sandra Felgueiras, jornalista
que coordena a equipa responsável pelo Sexta às 9, para obter mais
esclarecimentos, mas não teve sucesso.
Sem queixas
Questionada pelo SOL, a Entidade Reguladora para a
Comunicação Social (ERC) garante que «não deu entrada na ERC, até ao momento,
qualquer participação sobre o facto de o programa Sexta às 9 não ter sido
incluído na atual grelha de programação da RTP». Nesse sentido, e «não
existindo qualquer procedimento em curso, a ERC não tem matéria para se
pronunciar».
O SOL também entrou em contacto com o Sindicato dos
Jornalistas, que preferiu «não comentar um caso sem ouvir as partes
envolvidas». O sindicato acrescentou, ainda, que «as únicas informações que
recebeu, de jornalistas da RTP, desmentem» a retirada do programa e o
desconforto interno que o SOL sabe que existe.
Já o Conselho Deontológico diz que «não está
habilitado a pronunciar-se sobre decisões editoriais cujos fundamentos
desconhece».
*com Joana Marques Alves
Jornal SOL
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