quinta-feira, 19 de setembro de 2019

"A Dor Neuropática não é uma dor. É uma doença"

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Mário Adão Magalhães


A especialidade designada "Unidade de Dor Crónica" foi implementada à cerca de três décadas. E só mais tarde foi disseminada por outros hospitais tendo como característica essencial as neuropatias. A finalidade era dar resposta aos doentes oncológicos, sobretudo na fase terminal.
A Neuropatia é composta por um colégio de especialidades, principalmente Anestesiologia, e numa fase média trata-se com opióides, morfina e codeína.
O doente com dor crónica é multifacetado, vítima frequente de morbilidade física e psíquica, podendo sofrer das mais variadas patologias - doenças reumáticas, neurológicas ou psiquiátricas, a doenças oncológicas. Apesar da cientista Leonor Gonçalves defender há uma dúzia de anos que "a Dor Crónica induz alterações no cérebro que conduzem à depressão”, a patologia é ainda frequentemente pouco valorizada, excepto quando se trata de doença oncológica. No entanto a Dor Crónica também pode afectar crianças.
A Dor Crónica consubstancia-se essencialmente em dores intensas e fortemente incapacitantes ao nível muscular local ou geral, "mas incaracterística e apresenta rigidez prolongada". Um exemplo de dor músculo-esquelética, uma patologia muito mais conhecida, é a Fibromialgia, se manifesta por dores difusas pelo corpo todo, mas não tão intensa quanto a Neuropatia.
A comunidade cientista e investigadora vêm defendendo que a "Dor Neuropática não é uma dor. É uma doença".
Já dei notas ligeiras por dois ou três motivos meus.
Há dias, uma médica que conheço pela competência e por isso (ainda!) dirige o serviço diz-me: “Quando precisar venha cá e não avise. Apareça mesmo, senão vão sempre dizer-lhe que não podem atendê-lo.”
É que uma das coisas foi assim: sentia-me com muitas dores e como não há respostas, reduzo-me ao meu imenso sofrimento diário que me impede fortemente de ter vida própria. Não posso planear nada. Por vezes uma consulta ou tratamento. É uma vida que não é vida. Ponto. Sentia-me ainda pior. Foi uma terça feira pela manhãzinha. Ligo ao Serviço da Unidade da Dor para ver a possibilidade de ser atendido. Dizem-me que a médica não estava. Que ligasse na outra terça feira para falar com ela “para ver quando me podia atender”. Ligo. A médica diz-me que aparecesse na terça feira seguinte. Na terça feira seguinte a médica não apareceu, e não me avisou.
Lembrei-lhe que no hospital têm os meus contactos, mas ela afirma-me que por ser naquele contexto “particular”, “não tinha o meu contacto”.
Dá-se o seguinte: eu sofro de “Dor Neuropática” provocada por negligência médica.
Há uns anos tinha consulta de oito em oito dias, um número de telemóvel para ligar, numa emergência. Cabe aqui dizer que ao tempo não se usava muito o telemóvel nem a dinâmica nestes moldes que hoje os hospitais têm. Isto representa que a minha dor neuropática não era brincadeira.
Até ao dia em que fizeram desaparecer o meu processo clínico e
Haviam preconizado um aparelhinho na coluna, mas mais tarde afirmam “que é muito perigoso instalá-lo”. E deixaram de fornecer umas pomadas que não havia no mercado e só o serviço as disponibilizava, com o argumento de que “a dor é por dentro, e a pomada não faria efeito lá dentro”.
Isto assim para um leigo sabe que este tipo de “terapia” é muito, muito ancestral e que daí terá evoluído para as “pomadas”.
Sucede que após essa falta de processo, o espaço entre as consultas começou a dilatar, chegando por fim a quase doze meses. Mas o processo, o processo clínico, esse desapareceu, tal como de outros doentes. Só que, e como uma paciente me contou, anda na médica dela “também no consultório particular, e lhe disse: “Ai sim! Então vá lá amanhã que ele aparece”.
E como assumo, vai assinado como uso e confirmo com o sê-lo branco. Ninguém o vê.

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O irreparável...