A especialidade designada
"Unidade de Dor Crónica" foi implementada à cerca de três décadas. E
só mais tarde foi disseminada por outros hospitais tendo como característica
essencial as neuropatias. A finalidade era dar resposta aos doentes oncológicos,
sobretudo na fase terminal.
A Neuropatia é composta
por um colégio de especialidades, principalmente Anestesiologia, e numa fase
média trata-se com opióides, morfina e codeína.
O doente com dor crónica
é multifacetado, vítima frequente de morbilidade física e psíquica, podendo
sofrer das mais variadas patologias - doenças reumáticas, neurológicas ou
psiquiátricas, a doenças oncológicas. Apesar da cientista Leonor Gonçalves
defender há uma dúzia de anos que "a Dor Crónica induz alterações no
cérebro que conduzem à depressão”, a patologia é ainda frequentemente pouco
valorizada, excepto quando se trata de doença oncológica. No entanto a Dor
Crónica também pode afectar crianças.
A Dor Crónica
consubstancia-se essencialmente em dores intensas e fortemente incapacitantes
ao nível muscular local ou geral, "mas incaracterística e apresenta
rigidez prolongada". Um exemplo de dor músculo-esquelética, uma patologia
muito mais conhecida, é a Fibromialgia, se manifesta por dores difusas pelo
corpo todo, mas não tão intensa quanto a Neuropatia.
A comunidade cientista e
investigadora vêm defendendo que a "Dor Neuropática não é uma dor. É uma
doença".
Já dei notas ligeiras por
dois ou três motivos meus.
Há dias, uma médica que
conheço pela competência e por isso (ainda!) dirige o serviço diz-me: “Quando
precisar venha cá e não avise. Apareça mesmo, senão vão sempre dizer-lhe que
não podem atendê-lo.”
É que uma das coisas foi
assim: sentia-me com muitas dores e como não há respostas, reduzo-me ao meu
imenso sofrimento diário que me impede fortemente de ter vida própria. Não
posso planear nada. Por vezes uma consulta ou tratamento. É uma vida que não é
vida. Ponto. Sentia-me ainda pior. Foi uma terça feira pela manhãzinha. Ligo ao
Serviço da Unidade da Dor para ver a possibilidade de ser atendido. Dizem-me
que a médica não estava. Que ligasse na outra terça feira para falar com ela
“para ver quando me podia atender”. Ligo. A médica diz-me que aparecesse na
terça feira seguinte. Na terça feira seguinte a médica não apareceu, e não me
avisou.
Lembrei-lhe que no
hospital têm os meus contactos, mas ela afirma-me que por ser naquele contexto
“particular”, “não tinha o meu contacto”.
Dá-se o seguinte: eu
sofro de “Dor Neuropática” provocada por negligência médica.
Há uns anos tinha consulta
de oito em oito dias, um número de telemóvel para ligar, numa emergência. Cabe
aqui dizer que ao tempo não se usava muito o telemóvel nem a dinâmica nestes
moldes que hoje os hospitais têm. Isto representa que a minha dor neuropática
não era brincadeira.
Até ao dia em que fizeram
desaparecer o meu processo clínico e
Haviam preconizado um
aparelhinho na coluna, mas mais tarde afirmam “que é muito perigoso
instalá-lo”. E deixaram de fornecer umas pomadas que não havia no mercado e só
o serviço as disponibilizava, com o argumento de que “a dor é por dentro, e a
pomada não faria efeito lá dentro”.
Isto assim para um leigo
sabe que este tipo de “terapia” é muito, muito ancestral e que daí terá
evoluído para as “pomadas”.
Sucede que após essa
falta de processo, o espaço entre as consultas começou a dilatar, chegando por
fim a quase doze meses. Mas o processo, o processo clínico, esse desapareceu,
tal como de outros doentes. Só que, e como uma paciente me contou, anda na
médica dela “também no consultório particular, e lhe disse: “Ai sim! Então vá
lá amanhã que ele aparece”.
E como assumo, vai
assinado como uso e confirmo com o sê-lo branco. Ninguém o vê.
Obrigado Um abraço.
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