A produção
de vinho, remonta a tempos remotos e difusos. Os mais antigos testemunhos
arqueológicos atestam que a sua produção era já notória num povoamento do
Neolitico no Norte das montanhas Zagros, há cerca de 7400 anos[1]. Contudo, o estado actual da investigação não
pode comprovar que seja esse o berço da vinificação. Parece, no entanto,
supondo ser esse o seu berço, que o vinho se terá difundido em duas direcções:
a primeira, terá seguido rumo à Assíria, deslocando-se depois para os outros
estados da Mesopotâmia[2] e daí para o Egipto, onde se produzia o néctar há cerca de 5000 anos. E
há cerca de 3000 anos o seu consumo era já generalizado no Sudoeste asiático.
Pela
segunda via, o vinho teria chegado ao Egeu através da Anatólia, tornando-se
parte integrante da cultura grega, penetrando depois nas colónias gregas do
Mediterrâneo, como a Sicília, o Sul da Itália[3] e Massília (Marselha), dirigindo-se para o interior, pelo vale do
Ródano.
Estas
conclusões têm origem nas várias escavações arqueológicas produzidas em Catal
Hüyuk (Turquia), em Damasco (Síria), em Byblos (Líbano), na Jordânia, na
Georgia (Russia) e em Israel (Jericó).
Porém,
segundo os dados actuais, as videiras teriam sido domesticadas em 3500 a.C[4]. Por essa época, surgiram em Uruk, na Mesopotâmia, várias profissões
especializadas e as primeiras tabernas[5]. No Egipto, a presença das uvas está datada desde o Pré-dinástico
(4000-3500 a.C.), em estações arqueológicas junto ao Delta do Nilo[6]. No túmulo de Tutankhamon, em cerca de cinco mil peças classificadas, entre
as mais significativas do espólio tumular, encontrava-se um coador de vinho e
40 potes de vinho[7].
[1] KIPLE, Kenneth F., Uma História Saborosa do Mundo – Dez
Milénios de Globalização Alimentar, Casa das Letras, 2008, p. 93.
Em
termos agrícolas foi encontrado, numa expedição americana (1949 / 50), o
primeiro manual de agricultura na Suméria, datado de há mais de 3500 anos (cf.
KRAMER, Samuel Noah, A História da
Suméria, Europa América, 1997, pp.89-94).
[3]Uma das mais antigas ânforas de vinho encontrada em Itália é etrusca e
data de cerca de 600 a.C.
[4] HARARI, Yuval Noah,
Sapiens, de animais a deuses – História
Breve da Humanidade, Elsinore, 2017, p. 100. Mas já milénios antes vários
animais e produtos agrícolas como o trigo e a cevada, o haviam sido. Acerca da
agricultura, cf. DIAMOND, Jared, O
Terceiro Chipanzé, Temas e debates / Círculo de Leitores, 2014, cap. 10,
pp. 259-273. É em Jared que Yuval Noah fundamenta algumas das suas ideias.
[6] FONSECA, Sofia,
entre outros, O vinho no Antigo Egipto:
uma história mediterrânea, Mundo Antigo, Ano I- Vol I, Junho, 2012, p. 142.
[7] ARAÚJO, Luís Manuel
de, Os Grandes Mistérios do Antigo Egipto,
a esfera dos livros, 2017, p. 159.
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