Conhecido anteriormente por Medalha
Nansen, o Prêmio recebeu esse nome em homenagem a Fridtjof Nansen, explorador polar norueguês, que foi o
primeiro Alto Comissário para os Refugiados da antiga Sociedade das Nações e
que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1922.
Em 2010 foi atribuído a uma fotojornalista britânica. Alixandra Fazzina deu a conhecer o êxodo desesperado das pessoas desenraizadas que fogem de situações de conflito. Tanto na Europa Oriental como em em África, no Médio Oriente ou na Ásia, o seu trabalho revela as tragédias humanas muitas vezes ignoradas pelos grandes meios de comunicação social.Alixandra Fazzina é “uma porta-voz audaciosa da acção humanitária que traz à luz, com emoção e precisão, a realidade da vida das pessoas desenraizadas”, sublinhou, à época, o Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres. “O seu talento, o seu empenho, a sua empatia e a sua determinação invulgar em conseguir penetrar em cada história pessoal fazem dela uma cronista exemplar da vida das pessoas mais vulneráveis do nosso planeta”.A fotojornalista iniciou a sua carreira na Bósnia. Em seguida, a sua objectiva afastou-se das linhas da frente de combate para se concentrar no destino das primeiras vítimas dos conflitos, as populações desenraizadas pela guerra. Ficou sobretudo conhecida pelas suas fotografias das vítimas das minas antipessoal no Kosovo, dos civis isolados atrás das linhas inimigas em Angola, da violação como arma de guerra na Serra Leoa, das sevícias infligidas às crianças pelas milícias no Congo e no Uganda bem como da situação dos refugiados no Paquistão e no Afeganistão.
Entre 2006 e 2008, Alixandra Fazzina
consagrou dois anos à realização de uma crónica na Somália sobre o êxodo dos
emigrantes e dos refugiados somalis para a Península Arábica e sobre o tráfico
de seres humanos no Golfo de Aden. Arriscando a própria vida para se encontrar
com as pessoas desenraizadas obrigadas a viver em bairros de lata erguidos ao
longo da costa, a fotojornalista registou ao vivo o desespero e o sofrimento
das pessoas que tentam atravessar o Golfo de Aden em busca de uma vida melhor.
Deste trabalho foi retirada a obra intitulada A Million Shillings, Escape from
Somália (“Um milhão de xelins, fuga da Somália”), que foi publicada em Setembro
de 2010.
Em 2011, venceu este prémio, o Grupo iemenita
de salvamento de vidas.A Sociedade para Solidariedade Humana
patrulha 600 quilômetros da costa do Iêmen proporcionando serviços de
salvamento para milhares de refugiados e migrantes.O prêmio reconheceu o trabalho da equipa
de 290 pessoas e do seu fundador, Nasser Salim Ali Al-Hamairy, pelo “serviço
dedicado a promover o salvamento de vidas de milhares de refugiados e
imigrantes, que chegam todos os anos às praias do Iêmen”, após cruzarem o Golfo
de Aden em barco.
Desesperados para escapar da violência,
seca e pobreza no Chifre da África, milhares de refugiados e imigrantes colocam
suas vidas nas mãos de contrabandistas para cruzar o Mar Vermelho e o Golfo de
Áden em barcos superlotados e muitas vezes incapazes de navegar. Alguns dos que
fazem esta perigosa viagem são espancados e abusados, e chegam traumatizados e
doentes à costa iemenita. A equipe da SHS monitora cerca de um terço dos dois
mil quilômetros da costa do Iêmen, resgatando os sobreviventes, oferecendo os
primeiros socorros e, frequentemente, enterrando aqueles que morreram no
caminho.
Em 2011, cerca de 60 mil pessoas fizeram
travessias marítimas para o Iêmen. Estima-se que ao menos 120 pessoas se
afogaram na tentativa de completar a viagem.
“Milhares de refugiados devem sua
sobrevivência a pessoas que trabalham para a Sociedade para Soliedariedade
Humana,” disse o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, António
Guterres. “A dedicação integral dessas pessoas ao serviço à humanidade merece apoio
e reconhecimento global.” O fundador da SHS, Salim Ali Al-Hamairy,
disse que “vencer o Prêmio Nansen nos deu um grande incentivo. Nosso trabalho é
um dever humanitário… que tem que ser feito sob qualquer circunstância.”
Acrescentou que usaria a plataforma Nansen para fazer um apelo à comunidade
internacional de que “intensifique os esforços para melhorar a situação na
Somália e ajudar a dissuadir as pessoas sobre esta arriscada travessia.”
Em 2012 o prémio foi atribuído a Hawa Aden
Mohamed por ter empreendido um programa educativo ambicioso destinado a ajudar
mulheres e meninas da Somália, vitimas dos conflitos armados que grassam na
região. Hawa Aden Mohamed que também foi refugiada, deu esperança e
oportunidade a muitas mulheres que a procuraram
no Centro Educativo para a Paz e o Descanso. Este centro oferece
escolaridade gratuita para as meninas, e classes de alfabetização para as
mulheres. Oferece ainda cursos profissionais de costura, comida e outros materiais
às vitimas da guerra. Hoje, a população trata-a por Tia ou Mana Hawa.
“A educação nunca acaba”, diz Hawa.
Em 2013 a irmã Angélique Namaika, uma
freira católica congulesa, recebeu este prémio. A irmã Angélique actua na
região nordeste da República Democrática do Congo (RDC) ajudando milhares de
mulheres que são vítimas da brutal violência sexual e de gênero praticada pelo
Exército de Resistência do Senhor (LRA, na sigla em inglês) e outros grupos.Líder do Centro para Reintegração e
Desenvolvimento, a irmã Angélique Namaika já ajudou a transformar a vida de
mais de duas mil mulheres e meninas que foram abusadas e forçadas a deixar suas
casas. A maioria destas mulheres protagonizam histórias de sequestro, trabalho
forçado, espancamento, assassinato e outras violações de direitos humanos. Muitas
vezes elas ainda são isoladas e discriminadas por seus próprios familiares e
comunidades devido à violência que sofreram.
O trabalho feito por Namaika é fundamental
para a recuperação dos traumas na vida dessas meninas e mulheres. É preciso um
cuidado especial para conseguir que elas curem as feridas e reconstruam suas
vidas. Através de atividades que geram renda, a irmã Angélique ajuda essas
mulheres a começarem um pequeno negócio ou a voltarem para a escola. Os
depoimentos das mulheres atendidas pela irmã transmitem o efeito do trabalho da
freira em promover uma mudança em suas vidas, já que muitas delas a chamam de
“mãe”.
Em 2009 a irmã Angélique também foi vítima
da violência do LRA e foi obrigada a deixar sua casa e se deslocar de Dungu,
onde morava. Parte da sua motivação vem do seu próprio sofrimento.
“A vida destas mulheres foi destruída pela brutal violência do deslocamento. A Irmã Angélique prova que uma única pessoa pode fazer uma enorme diferença na vida das famílias separadas pela guerra. Ela é uma verdadeira heroína humanitária”, disse, à época, o alto comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres.
“A vida destas mulheres foi destruída pela brutal violência do deslocamento. A Irmã Angélique prova que uma única pessoa pode fazer uma enorme diferença na vida das famílias separadas pela guerra. Ela é uma verdadeira heroína humanitária”, disse, à época, o alto comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres.
Em 2014 o prémio foi atribuído a um grupo
de mulheres colombianas – As Mariposas. Este grupo dá apoio directo e
personalizado às vitimas de abuso e realizam actividades em várias comunidades
para ajudar as mulheres, vitimas dos conflitos armados que já afectaram cerca
de seis milhões de pessoas na Colômbia.Gloria Amparello, Maritza Asprilla Cruz y
Mery Medina, três das coordenadoras das “Mariposas” deslocam-se a pé pelos
bairros mais perigosos ajudando na assistência médica das vitimas de abusos. Já
ajudaram mais de mil mulheres e respectivas famílias.
Em 2015 o prémio foi atribuído a Aqeela
Asifi, uma refugiada afegã que mora no
Paquistão, cujos esforços para ajudar meninas refugiadas a terem acesso à
educação fizeram dela um símbolo do triunfo sobre a adversidade. Além de
oferecer às meninas em situação de refúgio um caminho para sair da pobreza, a
escola que Asifi criou na vila de refugiados de Kot Chananda também proporciona
às alunas a oportunidade de construir um futuro quando retornarem ao
Afeganistão. “Quando as mães foram educadas, teremos gerações futuras
educadas”, diz Asifi.
O conflito é um dos principais fatores
determinantes para a evasão escolar de crianças. No mundo, metade das crianças
fora da escola está em zonas de conflito. Isso representa o assustador número
de 29 milhões de jovens fora da sala de aula. As estatísticas mostram que
quando o conflito interrompe a educação das crianças, é menor a possibilidade
de que elas retomem os estudos. A ironia trágica é que os países nos quais as
crianças estão fora da escola são exatamente aqueles que mais precisam de
cidadãos formados que possam auxiliar a sua reconstrução. O Afeganistão é um
exemplo claro dessa situação.
Sem comentários:
Enviar um comentário