sábado, 16 de abril de 2016

Prêmio Nansen para os refugiados


Conhecido anteriormente por Medalha Nansen, o Prêmio recebeu esse nome em homenagem a Fridtjof  Nansen, explorador polar norueguês, que foi o primeiro Alto Comissário para os Refugiados da antiga Sociedade das Nações e que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1922.


Em 2010 foi atribuído a uma fotojornalista britânica. Alixandra Fazzina deu a conhecer o êxodo desesperado das pessoas desenraizadas que fogem de situações de conflito. Tanto  na Europa Oriental como em em África, no Médio Oriente ou na Ásia, o seu trabalho revela as tragédias humanas muitas vezes ignoradas pelos grandes meios de comunicação social.Alixandra Fazzina é “uma porta-voz audaciosa da acção humanitária que traz à luz, com emoção e precisão, a realidade da vida das pessoas desenraizadas”, sublinhou, à época,  o Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres. “O seu talento, o seu empenho, a sua empatia e a sua determinação invulgar em conseguir penetrar em cada história pessoal fazem dela uma cronista exemplar da vida das pessoas mais vulneráveis do nosso planeta”.A fotojornalista iniciou a sua carreira na Bósnia. Em seguida, a sua objectiva afastou-se das linhas da frente de combate para se concentrar no destino das primeiras vítimas dos conflitos, as populações desenraizadas pela guerra. Ficou sobretudo conhecida pelas suas fotografias das vítimas das minas antipessoal no Kosovo, dos civis isolados atrás das linhas inimigas em Angola, da violação como arma de guerra na Serra Leoa, das sevícias infligidas às crianças pelas milícias no Congo e no Uganda bem como da situação dos refugiados no Paquistão e no Afeganistão.
Entre 2006 e 2008, Alixandra Fazzina consagrou dois anos à realização de uma crónica na Somália sobre o êxodo dos emigrantes e dos refugiados somalis para a Península Arábica e sobre o tráfico de seres humanos no Golfo de Aden. Arriscando a própria vida para se encontrar com as pessoas desenraizadas obrigadas a viver em bairros de lata erguidos ao longo da costa, a fotojornalista registou ao vivo o desespero e o sofrimento das pessoas que tentam atravessar o Golfo de Aden em busca de uma vida melhor. Deste trabalho foi retirada a obra intitulada A Million Shillings, Escape from Somália (“Um milhão de xelins, fuga da Somália”), que foi publicada em Setembro de 2010.

Em 2011, venceu este prémio, o Grupo iemenita de salvamento de vidas.A Sociedade para Solidariedade Humana patrulha 600 quilômetros da costa do Iêmen proporcionando serviços de salvamento para milhares de refugiados e migrantes.O prêmio reconheceu o trabalho da equipa de 290 pessoas e do seu fundador, Nasser Salim Ali Al-Hamairy, pelo “serviço dedicado a promover o salvamento de vidas de milhares de refugiados e imigrantes, que chegam todos os anos às praias do Iêmen”, após cruzarem o Golfo de Aden em barco.
Desesperados para escapar da violência, seca e pobreza no Chifre da África, milhares de refugiados e imigrantes colocam suas vidas nas mãos de contrabandistas para cruzar o Mar Vermelho e o Golfo de Áden em barcos superlotados e muitas vezes incapazes de navegar. Alguns dos que fazem esta perigosa viagem são espancados e abusados, e chegam traumatizados e doentes à costa iemenita. A equipe da SHS monitora cerca de um terço dos dois mil quilômetros da costa do Iêmen, resgatando os sobreviventes, oferecendo os primeiros socorros e, frequentemente, enterrando aqueles que morreram no caminho.
Em 2011, cerca de 60 mil pessoas fizeram travessias marítimas para o Iêmen. Estima-se que ao menos 120 pessoas se afogaram na tentativa de completar a viagem.
“Milhares de refugiados devem sua sobrevivência a pessoas que trabalham para a Sociedade para Soliedariedade Humana,” disse o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres. “A dedicação integral dessas pessoas ao serviço à humanidade merece apoio e reconhecimento global.” O fundador da SHS, Salim Ali Al-Hamairy, disse que “vencer o Prêmio Nansen nos deu um grande incentivo. Nosso trabalho é um dever humanitário… que tem que ser feito sob qualquer circunstância.” Acrescentou que usaria a plataforma Nansen para fazer um apelo à comunidade internacional de que “intensifique os esforços para melhorar a situação na Somália e ajudar a dissuadir as pessoas sobre esta arriscada travessia.”  

Em 2012 o prémio foi atribuído a Hawa Aden Mohamed por ter empreendido um programa educativo ambicioso destinado a ajudar mulheres e meninas da Somália, vitimas dos conflitos armados que grassam na região. Hawa Aden Mohamed que também foi refugiada, deu esperança e oportunidade a muitas mulheres que a procuraram  no Centro Educativo para a Paz e o Descanso. Este centro oferece escolaridade gratuita para as meninas, e classes de alfabetização para as mulheres. Oferece ainda cursos profissionais de costura, comida e outros materiais às vitimas da guerra. Hoje, a população trata-a por Tia ou Mana Hawa.
“A educação nunca acaba”, diz Hawa.

Em 2013 a irmã Angélique Namaika, uma freira católica congulesa, recebeu este prémio. A irmã Angélique actua na região nordeste da República Democrática do Congo (RDC) ajudando milhares de mulheres que são vítimas da brutal violência sexual e de gênero praticada pelo Exército de Resistência do Senhor (LRA, na sigla em inglês) e outros grupos.Líder do Centro para Reintegração e Desenvolvimento, a irmã Angélique Namaika já ajudou a transformar a vida de mais de duas mil mulheres e meninas que foram abusadas e forçadas a deixar suas casas. A maioria destas mulheres protagonizam histórias de sequestro, trabalho forçado, espancamento, assassinato e outras violações de direitos humanos. Muitas vezes elas ainda são isoladas e discriminadas por seus próprios familiares e comunidades devido à violência que sofreram.
O trabalho feito por Namaika é fundamental para a recuperação dos traumas na vida dessas meninas e mulheres. É preciso um cuidado especial para conseguir que elas curem as feridas e reconstruam suas vidas. Através de atividades que geram renda, a irmã Angélique ajuda essas mulheres a começarem um pequeno negócio ou a voltarem para a escola. Os depoimentos das mulheres atendidas pela irmã transmitem o efeito do trabalho da freira em promover uma mudança em suas vidas, já que muitas delas a chamam de “mãe”.
Em 2009 a irmã Angélique também foi vítima da violência do LRA e foi obrigada a deixar sua casa e se deslocar de Dungu, onde morava. Parte da sua motivação vem do seu próprio sofrimento.

“A vida destas mulheres foi destruída pela brutal violência do deslocamento. A Irmã Angélique prova que uma única pessoa pode fazer uma enorme diferença na vida das famílias separadas pela guerra. Ela é uma verdadeira heroína humanitária”, disse, à época, o alto comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres.

Em 2014 o prémio foi atribuído a um grupo de mulheres colombianas – As Mariposas. Este grupo dá apoio directo e personalizado às vitimas de abuso e realizam actividades em várias comunidades para ajudar as mulheres, vitimas dos conflitos armados que já afectaram cerca de seis milhões de pessoas na Colômbia.Gloria Amparello, Maritza Asprilla Cruz y Mery Medina, três das coordenadoras das “Mariposas” deslocam-se a pé pelos bairros mais perigosos ajudando na assistência médica das vitimas de abusos. Já ajudaram mais de mil mulheres e respectivas famílias.

Em 2015 o prémio foi atribuído a Aqeela Asifi,  uma refugiada afegã que mora no Paquistão, cujos esforços para ajudar meninas refugiadas a terem acesso à educação fizeram dela um símbolo do triunfo sobre a adversidade. Além de oferecer às meninas em situação de refúgio um caminho para sair da pobreza, a escola que Asifi criou na vila de refugiados de Kot Chananda também proporciona às alunas a oportunidade de construir um futuro quando retornarem ao Afeganistão. “Quando as mães foram educadas, teremos gerações futuras educadas”, diz Asifi.
O conflito é um dos principais fatores determinantes para a evasão escolar de crianças. No mundo, metade das crianças fora da escola está em zonas de conflito. Isso representa o assustador número de 29 milhões de jovens fora da sala de aula. As estatísticas mostram que quando o conflito interrompe a educação das crianças, é menor a possibilidade de que elas retomem os estudos. A ironia trágica é que os países nos quais as crianças estão fora da escola são exatamente aqueles que mais precisam de cidadãos formados que possam auxiliar a sua reconstrução. O Afeganistão é um exemplo claro dessa situação.

Informação retirada de vários sites da ONU - ACNUR/UNHCR


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