Por SARA PEREIRA - 16 Anos |
O quadro de Turner, intitulado de O Ramo de Ouro, é inspirado numa
história da mitologia pagã, apresentando-se como uma reinterpretação pictórica
de um dos episódios mais marcantes da Eneida de Virgílio. Neste episódio, em
verso, conta-se a intenção do príncipe Eneias de visitar o reino
dos mortos para se encontrar com Anquises, o seu falecido pai, para que este
iluminasse o seu caminho na terra.
Eneias nascera da união de Anquises e Afrodite,
e antes do seu nascimento já estaria determinado que seria ele a reinar os
Troianos, iniciando em si uma nova linhagem. Participou na Guerra de Tróia,
destacando-se pela sua bravura, lutando lado a lado com os principais heróis
gregos, embora recorrendo frequentemente à ajuda dos deuses. Foi precisamente
numa dessas comuns situações em que Eneias se via como alvo, que decidiu
recorrer à ajuda de seu pai, Anquises, já falecido. No entanto, para conseguir
descer ao reino da morte são e intacto, Eneias necessitaria de auxílio de
Sibila de Cumas, uma sacerdotisa que conhecia o segredo da imortalidade, mas
não da juventude, característica que não lhe fora cedida, condenando-a a uma
vida de um milénio de anos num corpo que envelhecia progressivamente, como o de
qualquer outro comum mortal.
Sara na apresentação do trabalho à turma |
O significado do quadro de Turner torna‑se assim bastante mais
claro: vivemos como se a morte não existisse, indiferentes ao
caminho da imortalidade que nos é oferecido por este misterioso
ramo de ouro.
Desta forma, o rito da árvore da Rama
Dourada simboliza uma visão religiosa baseada no paralelismo simbólico entre,
por um lado, a morte e a ressurreição dos deuses e, por outro, os ciclos e
ritmos regenerativos da Natureza, sendo que este último conceito é aplicável na
humanidade de todos e quaisquer tempos históricos.
Na gravura de Turner é portanto
directamente observável a paisagem da floresta sagrada da Deusa Diana. Do lado
esquerdo da composição pictórica está então a Sibila de Cumas, profetisa e
protectora de Eneias, no início da sua aventura para fundar Roma. Esta segura o
ramo de ouro que permitiria a Eneias o acesso ao mundo das almas e dos mortos,
de onde poderia observar a grandeza do futuro de Roma e obter ajuda do seu
falecido pai. Em planos posteriores encontram-se protectores do Ramo e o lago
de Nemi, residência de Diana.
Fontes:
- Dicionário da Mitologia Clássica, Constantino Falcon Martinéz; Emílio Fernández-Galiano, Raquel López Melero, Presença, 1997;
- O Ramo de Ouro - Versão Ilustrada - Sir James George Frazer, Professor Darcy Ribeiro, Waltensir Dutra Zahar Editores, 1982;
- Virgílio - Bucólicas Georgicas Eneida (Tradução de Agostinho da Silva), Temas e Debates;
- religioes.no.sapo.pt/cjoao2.html
(Actualizado em 22 de Maio de 2015)
Muito bom! Parabéns!
ResponderEliminarOlá. Qual é a página da Eneida que você citou?
ResponderEliminarA Sara não citou página alguma. Citou o canto VI (livro VI). Nesta edição, essa transcrição está na página 286.
ResponderEliminarMuito bom
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