Quando Péricles tomou conta do Governo da Atenas
no século V a.C., a Grécia vivia acossada pela Pérsia, a maior potência militar
à época. Eleito para o cargo de estratego-autokrator (chefe dos dez
estrategos da Constituição de Atenas), rodeou-se dos melhores, em todas as
actividades humanas, transformando e marcando de tal modo a vida do seu tempo
que o século em que viveu ficou conhecido como o século de Péricles. E
de tal modo foi a sua influência que é, sobretudo, nesse século, que nasce a
Europa cultural e politica tal como hoje a conhecemos.
Não deixou, contudo, de ser sucessivamente caluniado pelos seus
detractores. Chegou a ser suspeito (pelos seus detractores) de ter roubado o
tesouro de Atenas que era guardado na Acrópole. Mesmo sob calúnia, o Povo
deu-lhe sempre a sua confiança e Péricles governou Atenas durante 30 anos,
tendo falecido vitima de uma epidemia de peste.
Fomos buscar Péricles a propósito do caso que tem
envolvido o Primeiro-ministro, Dr. Pedro Passos Coelho.
O caso exigia prudência, mas em Portugal
prefere-se a calúnia aos factos e assim sendo, a alcateia de comentadores
tratou de se atirar enraivecida à “presa”. Nós, preferimos esperar pelo
esclarecimento da “vitima”.
Quem hoje ouviu o debate na Assembleia, só não
ficou esclarecido porque não quis. O que o Primeiro-ministro disse, chega e
sobeja para perceber que se trata de uma tentativa de “assassinato político”.
Ao que parece, o Primeiro-ministro havia recebido
(há dezoito anos!) uns dinheiros por serviços prestados. O caso foi denunciado
por um anónimo. A Procuradoria arquivou o caso por se tratar de acontecimento
de há 18 anos. Os “investigadores” de jornal em vez de clareza trouxeram
confusão para os trabalhos que publicaram. Perante isto, o Primeiro-ministro
apanhado de surpresa, e no meio de uma comunicação imperceptível, foi prudente,
e no espaço de uma semana (período bastante razoável) esclareceu o caso.
Percebe agora o cidadão comum porque razão alguém
dizia acerca de um mês que se “esperasse
por Setembro” e porque razão a actual direcção do Partido Socialista foi
sujeita a golpe palaciano.
Para quem fez a antiga 4ª classe ficou esclarecido com as
informações dadas pelo Primeiro-ministro, e faz ele muito bem não permitir o
levantamento do sigilo bancário. É uma regra elementar, diremos mesmo, básica.
Imagine-se que o cidadão Pedro Passos Coelho tem,
na sua conta bancária, dinheiros de herança. Alguém tem o direito de saber qual
o tipo de herança!
Quanto ao falado inquérito parlamentar apenas
demonstra que em Portugal há um certo tipo de gente (a quem Clara Ferreira
Alves em artigo no Expresso designou com o nome de animal simpático) que é
promovida sem “provas de mérito”. E no Parlamento há lá alguma.
Onde estão os inquéritos parlamentares de
políticos que puseram em causa o Estado de Direito? Onde estão os inquéritos parlamentares de ex-ministros condenados pela Justiça? Onde estão os inquéritos parlamentares de ex Secretários de
Estado condenados pela Justiça? Onde estão os inquéritos
parlamentares de Ex políticos (e magistrados) que “fugiram ao fisco” há 10, 15
ou 20 anos (relatados na imprensa)?
Pelo esclarecimento de hoje na Assembleia, o
cidadão Pedro Passos Coelho, à época Deputado da Nação, cumpriu com os
requisitos da Lei que vigorava. Essa é que é a questão.
Querer saber quanto recebeu, é o mesmo que
perguntar a certos inquisidores quanto gastaram (nas suas funções de
representantes do povo). Aos de hoje e aos de ontem.
Armando Palavras
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