Portugal, minha terra. |
Por: Costa Pereira
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Depois de uma semana afastado do planalto
central angolano (de 26 de Março a 1 de Abril), regressar a Huambo para na Rua
dos Ministros encontrar uma casa com o indispensável conforto que a maioria do
angolano não tem, era desejo que já vinha no meu pensamento, em viagem.
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Assim, mal o jipe chegou à porta do
escritório da AAA, foi só ajudar a tirar a trouxa que era para deixar ali, e
sem perder tempo subir ao 1º andar para tomar um regalado banho de chuveiro,
também para a maioria dos angolanos coisa rara de ver e sentir...
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Com o corpo limpo e refrescado pelo banho,
agora há que procurar satisfazer o estômago que com os solavancos da viagem
desfez tudo quanto em Caimbambo ao pequeno-almoço havia ingerido. Cumprida essa
obrigação física o regresso ao Bongo estava nas prioridades, pois os deveres
profissionais da minha anfitriã em terras de Angola assim obrigavam. A meio
duma tarde chuvosa e depois de cerca de uma hora de viagem estava o jipe que
nos transportava a passar por esta ponte que o programa da AAA mandou restaurar
e assim beneficiar o acesso ao Bongo e terras circunvizinhas.
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Como sabemos o Bongo que hoje mais parece
uma aldeia fantasma foi ainda não há muitos anos das terras mais famosas e
prósperas de Angola, ali funcionou um dos melhores hospitais de terras
africanas sob tutela da igreja Adventista do Sétimo Dia, sinal também de que a
liberdade de opção e o sentimento ecuménico que se vivia antes da independência
existiam.
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O que dantes era um espaço urbano e limpo
está transformado em matagal para o pouco gado pastar e as carraceiras a par
encher o papo. Valeu entretanto surgir o projeto da Acção Agrária Alemã no
combate à doença Newcastle, pois ao aproveitar o espaço da Missão para instalar
os seus escritórios e aposentos dos seus funcionários veio dar vida à aldeia e
alguma esperança de dias melhores aos nativos da zona.
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Neste pavilhão restaurado mora a
diretora-técnica do citado projeto, e durante cerca de um mês ali hospedou os
seus progenitores. Aqui onde falta quase tudo que a ciência e a civilização do
século XXI disponibilizam, a roupa continua a ser lavada à antiga portuguesa: à
mão, e no resguardo da varanda pendurada! Com receio de também ser pendurado, o
gato da casa retira-se e vai à caça...
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Como disse no post anterior estava ansioso
por ver a sementeira que no dia 24 de Março o Noé mais a minha cara-metade
fizeram nas traseiras da casa, por isso logo no dia seguinte ao meu regresso (
2 de Abril) apressei-me a ver e fotografar a horta. E pensei para comigo: como
é possível que haja fome em Angola, se as sementes lançadas à terra passado uma
semana estão como a foto mostra?!
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É tempo da tecnologia voltar a estar ao
serviço desta aldeia angolana, de trocar a zorra pelo trator, de convencer os
africanos que a mulher nasceu para ser mãe e governar a casa, pois doutro modo
a miséria continua.
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Também na eira os homens não aparecem, e
lá tem de ser as mulheres a pisoar o grão e a peneirar a farinha. São imagens
do Bongo, duma aldeia cuja noite e o luar desta Primavera de 2009 me fez roubar
à cama algumas horas do meu sono. Mas bem perdidas.
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