BARROSO da FONTE |
Duas
semanas antes haviam sido condenados 36 arguidos do caso Face Oculta, mas desta
vez a prisão efectiva. Os mais graúdos foram o ex- ministro Armando Vara, o
ex-Secretário de Estado José Penedos, ex-administrador da REN e empresário de
sucatas, José Godinho.
Também estas três dúzias de réus anunciaram recurso e, pelas mesmas razões que se vislumbram, cresce a curiosidade em antever se os tribunais de primeira instância que desta vez revelaram ter coragem para punir caça grossa, vão ser respeitados, ou se outros valores mais alto se alevantam.
Atrás
destes dois terramotos que agitaram o verão quente que por sinal teve menos
incêndios e mais chuva e por que, não há duas sem três, a breve trecho será o
caso do BPN, a aquecer o próximo inverno. Veremos se os amigalhaços de Oliveira
e Costa, espécie de samaritano em funções de vaguemestre dos «bichinhos de S.
Francisco», vão «comer pela mesma rasa» ou se o padrão das Teigas, vai mudar de
agulha por causa do «Habeas corpus» natalício.
E, como
estas coisas da banca e da política se enredam como as cerejas na canastra, lá
para daqui a um ano, o ambiente irá aquecer não só por causa das mais
disputadas eleições de sempre, como teremos em arena os réus do BES e afins,
porque o dinheiro e o poder, não olham a meios para atingirem os seus fins.
Escrevo
este feixe de notícias no dia 15 de Setembro, que semeou chuva forte e
trovoadas por todo o país e que coincidiu com muitas trapalhadas nas ruas, nas
escolas, nos refeitórios e nas secretarias do ministério da Educação. Ficará na
história desta data um sinal claro de irresponsabilidade a mais, em zelo a
menos, no âmbito da cidadania básica:
O poder político não consegue
levantar o dorso porque a sociedade apodreceu e os seus membros vogam como folhas de árvore no alto
mar. A nada podem agarrar-se. E nem a espuma das tempestades pode servir de
bóia aos náufragos porque desfalecem ao primeiro mergulho. As grandes reformas
nacionais atiraram o país para um beco sem saída. Estrebuchamos uns contra os
outros e já não salva-vidas que nos socorram.
O governo quis fazer todas as reformas,
numa espécie de competição selvagem. A primeira foi a administrativa.
Esquartejou o pequeno rectângulo à beira-mar plantado. Resultaram monstros
quando deveriam nascer seres perfeitos.
A segunda foi a da Justiça: pior a emenda do
que o soneto. Os monstros só podem gerar o caos. Foi o que aconteceu, sendo
certo de5 de Setembro foram as crianças a servir de escudo a todas as
contestações. Com os desordeiros profissionais do costume a cantar vitória em
todos os canais televisivos; com os encarregados de educação, de mãos dadas aos
filhos, protestando com panelas, cartazes e chavões arruaceiros; com
empreiteiros manhosos que não cumprem os prazos das obras para que as aulas
comecem a tempo e horas quem podem bater palmas e confiar no futuro?
Apesar de velha e rabugenta a democracia que
nos comanda, nos amedronta e nos tira a vontade de viver, Marinho Pinto que foi
vedeta nas últimas eleições europeias, deu o dito por não dito, mandou às
malvas o Partido da Terra que o guindou a deputado europeu. Já não lhe bastam
os mais de 21 mil euros mensais que aufere. Dispondo do mediatismo que
conquistou enquanto foi bastonário da Ordem dos Advogados e do estatuto de
tribuno parlamentar intocável, eis que chamou «fariseus» àqueles que o elegeram
e anunciou, já, a criação de mais um partido político para ser o líder de novos «fariseus» que venham a votar
nele.
Foi um verão murcho, macambúzio e turbulento
como nos habituámos a ser com a crise das crises.
Barroso
da Fonte
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