Em meados do século X (948), sabemos pelos
fragmentos descobertos por Solomon Schechter no imenso depósito de Geniza do
Cairo que no território da actual Ucrânia, existia um reino judaico, governado
pelo rei José, último dessa dinastia que durou cerca de um século. Os Judeus em fuga de Constantinopla,
transpuseram o Cáucaso em direcção à segura Cazária ainda pagã. Foram bem
recebidos e aí permaneceram durante gerações, unindo-se por casamento às
populações locais. Com o tempo, esses judeus deixaram de se distinguir do resto
da população, e deram origem a esse reino hebraico.
Antes dessa dinastia, esse imenso território era
ocupado por um povo próspero, de guerreiros nómadas, devotos pagãos do deus
celestial Tungri e moravam em iurtes. O seu “imperador”, ou Khagan, era uma
figura sagrada mas com poderes limitados
José foi o último
rei dos Cazares, um imenso reino judaico situado nas elevadas pradarias
da Ásia Ocidental, banhado pelo curso inferior do Volga, tendo como fronteira a
leste o mar Cáspio (conhecido à época por mar Jorjan), o mar Negro, ou
“Constantino” a oeste, e as montanhas do Cáucaso a norte. A ele pertencia toda
a Crimeia e (supõe-se) a cidade de Kiev.
Acossado pelos exércitos dos Rus de Kiev (já no
século XI) compostos por Escandinavos e Eslavos e, com alguma
regularidade pelos Bizantinos, seria arrasado e a sua capital real de Atil
completamente pilhada.
É com os Rus que surge a RUS, ou Primeira Rússia,
uma civilização que aparece definitivamente consolidada no século XIII, já com
a capital em Kiev. E daqui expande-se para a conquista do principado de
Moscovo.
Putin, além deste problema, tem outro. Setenta
anos de leninismo e estalinismo é muito tempo. É tempo demasiado para libertar
de vez as tendências bolcheviques e as atrocidades leninistas e estalinistas
que estiveram na origem da fome genocidária da Ucrânia em 1932, nas deportações em massa para a Sibéria e no
assassínio político de companheiros da Revolução. E que agora, sob a mentira
do comboio humanitário, distribui armamento e soldados no território ucraniano
em conflito.
Apesar de todas estas tragédias, a Rússia manteve
sempre uma cultura soberba, e os seus escritores (mesmo perseguidos e atirados
para o exílio), não deixaram de representar uma das maiores Literaturas do
Mundo, de todos os tempos.
Putin está a jogar um jogo perigoso. Causou a
crise ucraniana, mas pior que isso, alimenta-a, alimentando aquelas bestas “pró-russas”.
A Rússia tem responsabilidades civilizacionais, e
Putin como seu dirigente máximo também.
O físico russo, Andrei Sakharov, em obra de 1968
disse: “uma guerra termonuclear não pode ser considerada uma continuação da
política por outros meios (segundo a fórmula de Clausewitsz). Seria um meio de suicídio universal”.
Armando Palavras
A Rússia (excluímos o período político da URSS),
essa infinita extensão geográfica, Mãe de Dostoiévski, Tolstoi, Tchékhov,
Leonid Andréev, Leskov, Ivan Turguénev, entre outros; a soberba comunidade
cultural que nos habituámos a ver como um dos baluartes da Civilização, seria
mais assertiva se se unisse à América e à Europa no combate a esse “califado”
tenebroso, o ISIS, em vez de se preocupar com mais um metro de terra de um país
soberano – a Ucrânia.
Com um passo atrás, readquiria o respeito dos
seus pares e ganhava a amizade internacional.
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