sábado, 5 de abril de 2014

Ilha da Madeira - a Pérola do Atlântico - IV



 
 
Costa Pereira
    Portugal, minha terra.
          Consagrada a Nossa Senhora da Conceição, a cidade do Machico após cerca de 586 anos ser pisada por Tristão Vaz Teixeira, continua a desfrutar do prestígio que lhe advém desse assinalado facto, que como já se sabe marcou o início da ocupação e povoamento da Madeira.
          Com foral e a dignidade de vila desde 1450, também a partir de 1996, o Machico passou a gozar do estatuto de cidade; atributo que veio premiar e reconhecer o importante papel que ao longo da história a urbe tem desempenhado em prol de Portugal continental e insular. Pode mesmo considerar-se que a história da Madeira começa aqui, e que diga-se em boa verdade também cedo isso foi reconhecido; basta ter em conta que ao serem criadas as capitanias, com o objetivo de definirem um certo “espaço territorial e uma determinada jurisdição”, a primeira terra insular a merecer essa honraria foi precisamente o Machico, em 1440, com Tristão Vaz Teixeira a ser investido seu 1º Capitão do donatário.
         Também seguindo daqui, em jeito de navegador, pela costa sul, a mesma direção dos primeiros que, em 1418 (?), com João Gonçalves Zarco seguiram para aportar no Funchal e dali continuarem o povoamento da ilha até à Ponta do Pargo, o mareante vai daí a pouco encontrar-se com o extremo norte da prolongada pista do Aeroporto da Madeira, e depois, de dobrar a Ponta de Santa Catarina, dar entrada no centro de São Salvador de Santa Cruz, sede doutro importante município rural que D. Manuel I fundou, em 1515, e que também foi elevada a cidade em 1996. Deste município fazem parte as desabitadas ilhas Desertas, afastadas de terra cerca l5km, e bem visíveis, sobretudo para quem hoje de avião chega à Madeira.
         Depois de Santa Cruz e dobrada a Ponta do Garajau, dá-se entrada na ampla e acolhedora baía do Funchal, onde em forma de semicírculo a sedutora capital do arquipélago da Madeira parece emergir do fundo do Atlântico em florida ascensão até às elevadas escarpas do interior madeirense. Consagrada a Nossa Senhora da Assunção (ou do Calhau), a cidade do Funchal teve em João Gonçalves Zarco o seu 1º Capitão do donatário, em 1450; e foi a primeira paróquia criada na Madeira, logo poucos anos após o início do povoamento da ilha. A origem do topónimo deve-se ao nome duma erva de sabor adocicado conhecida por funcho (foeniculum vulgare) que ao tempo das Descobertas abundava no rossio fronteiro à baía e nas linhas de água que dos montes para ali apontam. Assim como também a ilha deve o nome à densa floresta com que  nos tempos das Descobertas se revestia e ainda hoje de certo modo reveste.
          Saindo do Funchal pelo lado do Lido, mal se dobre a Ponta da Cruz e deixe a praia Formosa para trás, entrou-se na baía de Câmara de Lobos, bem delimitada pela base do Pico da Torre e a Fajã dos Padres, uma das área onde se cultiva o vinho de melhor qualidade da Madeira. Vila e sede de concelho é também uma das primeiras freguesias criadas na ilha, por volta de 1430. Consagrada a São Sebastião, também como no Funchal, em relação à igreja de Nossa Senhora do Calhau, inicialmente a sede de paróquia foi a capela do Divino Espírito Santo, fundada por Gonçalves Zarco. Quanto ao topónimo reza a tradição que foram os próprios povoadores João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira quem deram o nome à terra ao relacionar a baía com “câmara” e “de lobos” por nessa zona haver muitos lobos marinhos.
Continua


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