sábado, 18 de janeiro de 2014

Artigos de opinião - Insulino - resistência - Dor provocada por disfunção temporomandibular - Dor no ombro

Artigo de opinião da Dra. Maria Helena Cardoso,
Endocrinologista e Presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo
Insulino-resistência e estilo de vida

O aumento da prevalência da obesidade, da resistência à insulina e da diabetes tipo 2 associado à mudança de uma alimentação rica em grãos, frutos e vegetais para uma alimentação de grande densidade energética rica em gorduras e hidratos de carbono e à alteração de padrões de atividade física, com a mudança para um estilo de vida sedentário, fisicamente inativo, tem sido observado em diferentes populações.
A dimensão do problema em Portugal é preocupante. A nossa geração é provavelmente uma das mais sedentárias e seria de espantar que com estas alterações do estilo de vida não houvesse repercussões na prevalência das doenças a que nós chamamos doenças da civilização.
Também a demonstração de um risco aumentado de diabetes tipo 2 associado ao tabagismo materno durante a gravidez e ao tabagismo em jovem vem reforçar a importância da mudança do estilo de vida em várias vertentes.
A constatação em estudos epidemiológicos que a nutrição fetal pode afetar de modo permanente as características fisiológicas do novo indivíduo e influenciar o risco de diabetes, doença cardiovascular e cancro, reforça a importância das alterações do estilo de vida para as gerações atuais e futuras.
Na Europa de hoje, seis dos sete fatores de risco mais importantes para a morte prematura (tensão arterial, colesterol, IMC, inadequada ingestão de frutos e vegetais, inatividade física e consumo excessivo de álcool) relacionam-se com o modo como comemos, bebemos e movemos.
Deve-se suspeitar de insulino resistência perante a existência de antecedentes familiares de diabetes mellitus tipo 2, história pessoal de diabetes gestacional, tolerância alterada à glicose ou síndrome do ovário poliquístico e obesidade, principalmente visceral.
Nestes doentes as alterações do estilo de vida com aumento da atividade física diária, aumento da ingestão de fibras e a obtenção de um peso saudável são atitudes prioritárias.
A diabetes será um dos temas em debate no 15º Congresso Português de Endocrinologia que decorrerá de 23 a 26 de Janeiro, no Algarve. Para mais informações consulte http://www.spedm.org     

    
Artigo da Dra. Beatriz Craveiro Lopes, membro da direção da Associação para o Desenvolvimento da Terapia da Dor (ASTOR)
Dor provocada por disfunção temporomandibular

A dor orofacial é uma situação de dor associada aos tecidos da cabeça, face, pescoço e estruturas da cavidade oral. Incluem-se, entre outras, a dor de cabeça, garganta, por doenças graves como tumor, a dor com origem no sistema nervoso, e a disfunção da articulação temporomandibular.
A disfunção temporomandibular caracteriza-se por um conjunto de distúrbios que envolvem essa articulação, responsável pela ligação entre o maxilar inferior e o crânio e pelos músculos que permitem a mastigação, associados à região orofacial e cervical.
É uma dor músculo-esquelética motivada por vários fatores como o hábito involuntário de apertarmos o maxilar, o hábito de roer as unhas, morder lábios e bochechas, ranger os dentes durante o sono (bruxismo), stress, má postura, traumatismos e reações emocionais intensas.
Estima-se que a dor orofacial associada a esta disfunção afete cerca de 9 a 13 por cento da população em geral, porém só cerca de 4 a 7 por cento desses doentes procura tratamento.
É mais frequente entre as mulheres e os sintomas são mais evidentes entre os 20 e os 40 anos. É uma doença que evolui para um estado crónico e com dor severa e se negligenciada pode ter um grande impacto no sofrimento do paciente, como por exemplo, afetando o sono e os aspetos psicossociais.
Os sintomas mais comuns são a dor localizada, sentida no maxilar inferior, de intensidade moderada a grave, que é mais evidente durante a mastigação. Pode também levar a dor de cabeça, ouvidos, zumbidos e até a dor no pescoço.
O diagnóstico da disfunção temporomandibular é baseado na história clínica do doente e num cuidado exame físico, por exemplo com a palpação dos músculos da mastigação. Em alguns casos poderá ser necessário recorrer a exames de imagiologia como um Raio X simples.
O objetivo do tratamento é controlar a dor, recuperar a função do aparelho mastigatório, reeducar o paciente e devolver-lhe, na medida em que for possível, qualidade de vida. Para isso, a disfunção temporomandibular exige uma abordagem criteriosa feita por uma equipa multidisciplinar.
Este é um dos temas em discussão no 12º Convénio da ASTOR, que irá decorrer, em Lisboa, no dia 31 de Janeiro de 2014. Para mais informações consulte: http://www.cast.pt/astor/

Recupere qualidade de vida…ARTICULE-SE…
Por António Cartucho, ortopedista, membro da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia

O ombro (articulação gleno-umeral) é a articulação com maior mobilidade do corpo humano. Esta grande amplitude advém da mobilização ao mesmo tempo de outras 4 articulações que em conjunto como ombro formam a cintura escapular.
Para um funcionamento normal do ombro é necessário um equilíbrio de forças e sincronização de ações de vários grupos musculares. Alguns destes músculos têm inserções no tórax e mesmo na coluna dorsal e lombar pelo que as alterações posturais, podem por este motivo e pelo fato de alterarem a posição da omoplata no espaço, levar a alterações do funcionamento do ombro. Estas alterações do funcionamento levam á inflamação dos tendões (tendinite) que se não forem tratadas, além da perda de qualidade de vida levam a uma degradação progressiva dos tendões que acabam por romper, comprometendo ainda mais a função do ombro.
O exercício físico que promova uma postura correta e o fortalecimento dos músculos que controlam a omoplata (escapulo-torácicos) e o ombro (coifa dos rotadores) previne o desenvolvimento destes desequilíbrios e promove a sua cura quando estes já estão instalados.
O ombro, em geral após os 65 anos e á semelhança da anca, pode desenvolver uma artrose. Esta doença deforma a articulação, sendo causa de dor e de limitação dos movimentos. Quando a perda de qualidade de vida dos doentes o exige, estes são operados para colocação de uma prótese do ombro. Esta substitui a cabeça do úmero e a superfície lesada da omoplata.  
Nos primeiros 3 meses após a cirurgia é feita uma reabilitação em fisioterapia com o objetivo de ganhar mobilidade e força. Após este período é importante manter um correto funcionamento do ombro. A frequência de uma piscina, em regime livre ou em aulas de hidroginástica, em que são aproveitados os efeitos de impulsão e resistência da água para mobilizar o ombro sem a ação da gravidade e fortalecer os músculos da cintura escapular é uma boa opção.
A manutenção de uma postura correta através de exercícios de alongamento e fortalecimento muscular como se faz no Pilates contribuem para um funcionamento correto do ombro. A marcha, com ou sem utilização de pequenos pesos nos punhos, além dos efeitos cardiovasculares e de controlo de peso também contribui para o equilíbrio muscular da cintura escapular.
Em resumo, ombro necessita de uma postura e de um equilíbrio muscular corretos para poder funcionar. O exercício físico adequado à idade e devidamente orientado, contribuiu para um ombro saudável. Em doentes com prótese o exercício otimiza os resultados da intervenção cirúrgica. Agora já sabe! ARTICULE-SE!!

 De Jornal do Norte para Tempo Caminhado

Sem comentários:

Enviar um comentário

O "bairro dos retornados e pretos".

  Antonio Cunha   @AntonioCunha79   Cresci num dos piores bairros da margem sul, onde os meus amigos não podiam ir brincar pq era o &q...