Artigo de opinião
da Dra. Maria Helena Cardoso,
Endocrinologista
e Presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo
Insulino-resistência
e estilo de vida
O
aumento da prevalência da obesidade, da resistência à insulina e da diabetes
tipo 2 associado à mudança de uma alimentação rica em grãos, frutos e vegetais
para uma alimentação de grande densidade energética rica em gorduras e hidratos
de carbono e à alteração de padrões de atividade física, com a mudança para um
estilo de vida sedentário, fisicamente inativo, tem sido observado em
diferentes populações.
A
dimensão do problema em Portugal é preocupante. A nossa geração é provavelmente
uma das mais sedentárias e seria de espantar que com estas alterações do estilo
de vida não houvesse repercussões na prevalência das doenças a que nós chamamos
doenças da civilização.
Também
a demonstração de um risco aumentado de diabetes tipo 2 associado ao tabagismo
materno durante a gravidez e ao tabagismo em jovem vem reforçar a importância
da mudança do estilo de vida em várias vertentes.
A constatação em estudos epidemiológicos que a nutrição fetal
pode afetar de modo permanente as
características fisiológicas do novo indivíduo e influenciar o
risco de diabetes, doença cardiovascular e cancro, reforça a importância das alterações do estilo
de vida para as gerações atuais e futuras.
Na
Europa de hoje, seis dos sete fatores de risco mais importantes para a morte
prematura (tensão arterial, colesterol, IMC, inadequada ingestão de frutos e
vegetais, inatividade física e consumo excessivo de álcool) relacionam-se com o
modo como comemos, bebemos e movemos.
Deve-se
suspeitar de insulino resistência perante a existência de antecedentes
familiares de diabetes mellitus tipo 2, história pessoal de diabetes
gestacional, tolerância alterada à glicose ou síndrome do ovário poliquístico e
obesidade, principalmente visceral.
Nestes
doentes as alterações do estilo de vida com aumento da atividade física diária,
aumento da ingestão de fibras e a obtenção de um peso saudável são atitudes
prioritárias.
A diabetes será um dos temas em debate no 15º
Congresso Português de Endocrinologia que decorrerá de 23 a 26 de Janeiro, no
Algarve. Para mais informações consulte http://www.spedm.org
Artigo da Dra.
Beatriz Craveiro Lopes, membro da direção da Associação para o Desenvolvimento
da Terapia da Dor (ASTOR)
Dor provocada por
disfunção temporomandibular
A
dor orofacial é uma situação de dor associada aos tecidos da cabeça, face,
pescoço e estruturas da cavidade oral. Incluem-se, entre outras, a dor de
cabeça, garganta, por doenças graves como tumor, a dor com origem no sistema
nervoso, e a disfunção da articulação temporomandibular.
A
disfunção temporomandibular caracteriza-se por um conjunto de distúrbios que
envolvem essa articulação, responsável pela ligação entre o
maxilar inferior e o crânio e pelos músculos que permitem a mastigação,
associados à região orofacial e cervical.
É uma dor músculo-esquelética
motivada por vários fatores como o hábito involuntário de apertarmos o maxilar,
o hábito de roer as unhas, morder lábios e bochechas, ranger os dentes durante
o sono (bruxismo), stress, má postura, traumatismos e reações emocionais
intensas.
Estima-se que a dor orofacial
associada a esta disfunção afete cerca de 9 a 13 por cento da população em geral, porém
só cerca de 4 a
7 por cento desses doentes procura tratamento.
É mais frequente entre as mulheres
e os sintomas são mais evidentes entre os 20 e os 40 anos. É uma doença que
evolui para um estado crónico e com dor severa e se negligenciada pode ter um
grande impacto no sofrimento do paciente, como por exemplo, afetando o sono e
os aspetos psicossociais.
Os sintomas mais comuns são a dor
localizada, sentida no maxilar inferior, de intensidade moderada a grave, que é
mais evidente durante a mastigação. Pode também levar a dor de cabeça, ouvidos,
zumbidos e até a dor no pescoço.
O diagnóstico da disfunção temporomandibular
é baseado na história clínica do doente e num cuidado exame físico, por exemplo
com a palpação dos músculos da mastigação. Em alguns casos poderá ser
necessário recorrer a exames de imagiologia como um Raio X simples.
O objetivo do tratamento é
controlar a dor, recuperar a função do aparelho mastigatório, reeducar o
paciente e devolver-lhe, na medida em que for possível, qualidade de vida. Para
isso, a disfunção temporomandibular
exige uma abordagem criteriosa feita por uma equipa multidisciplinar.
Este é um dos temas em discussão
no 12º Convénio da ASTOR, que irá decorrer, em Lisboa, no dia 31 de Janeiro de
2014. Para mais informações consulte: http://www.cast.pt/astor/
Por António Cartucho, ortopedista, membro
da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia
O ombro (articulação gleno-umeral) é a articulação com
maior mobilidade do corpo humano. Esta grande amplitude advém da mobilização ao
mesmo tempo de outras 4 articulações que em conjunto como ombro formam a
cintura escapular.
Para um funcionamento normal do ombro é necessário um
equilíbrio de forças e sincronização de ações de vários grupos musculares.
Alguns destes músculos têm inserções no tórax e mesmo na coluna dorsal e lombar
pelo que as alterações posturais, podem por este motivo e pelo fato de
alterarem a posição da omoplata no espaço, levar a alterações do funcionamento
do ombro. Estas alterações do funcionamento levam á inflamação dos tendões
(tendinite) que se não forem tratadas, além da perda de qualidade de vida levam
a uma degradação progressiva dos tendões que acabam por romper, comprometendo
ainda mais a função do ombro.
O exercício físico que promova uma postura correta e o
fortalecimento dos músculos que controlam a omoplata (escapulo-torácicos) e o
ombro (coifa dos rotadores) previne o desenvolvimento destes desequilíbrios e
promove a sua cura quando estes já estão instalados.
O ombro, em geral após os 65 anos e á semelhança da anca,
pode desenvolver uma artrose. Esta doença deforma a articulação, sendo causa de
dor e de limitação dos movimentos. Quando a perda de qualidade de vida dos
doentes o exige, estes são operados para colocação de uma prótese do ombro.
Esta substitui a cabeça do úmero e a superfície lesada da omoplata.
Nos primeiros 3 meses após a cirurgia é feita uma
reabilitação em fisioterapia com o objetivo de ganhar mobilidade e força. Após
este período é importante manter um correto funcionamento do ombro. A
frequência de uma piscina, em regime livre ou em aulas de hidroginástica, em
que são aproveitados os efeitos de impulsão e resistência da água para
mobilizar o ombro sem a ação da gravidade e fortalecer os músculos da cintura
escapular é uma boa opção.
A manutenção de uma postura correta através de exercícios
de alongamento e fortalecimento muscular como se faz no Pilates contribuem para
um funcionamento correto do ombro. A marcha, com ou sem utilização de pequenos
pesos nos punhos, além dos efeitos cardiovasculares e de controlo de peso
também contribui para o equilíbrio muscular da cintura escapular.
Em resumo, ombro necessita de uma postura e de um
equilíbrio muscular corretos para poder funcionar. O exercício físico adequado
à idade e devidamente orientado, contribuiu para um ombro saudável. Em doentes
com prótese o exercício otimiza os resultados da intervenção cirúrgica. Agora
já sabe! ARTICULE-SE!!De Jornal do Norte para Tempo Caminhado
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