terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A Escolástica e a Economia


O pensamento económico, identificou, há muito, os modernos princípios económicos, com os pensadores do Iluminismo, essencialmente com Adam Smith.  Em economia existem duas teorias: a subjectiva e a teoria do valor com base na mão-de-obra, geralmente associada a Karl Marx. Na verdade, Marx não afirmava que qualquer tipo de trabalho tinha, ipso facto, valor. Mas admitia que as coisas só teriam valor se os indivíduos lhes atribuíssem um valor de uso. E a partir desta premissa, o valor de um bem seria determinado pelo número de horas de trabalho gastas na sua produção. Rosa Luxemburgo anotou há muito, as deficiências marxistas, e muito antes de Rosa e Marx, outros foram mais consistentes na elaboração dos princípios económicos, que antecipavam e refutavam um dos grandes erros económicos da modernidade. Mas já lá vamos.
É hoje bem notado que o próprio Adam smith, o campeão da economia de mercado e da liberdade, contribuiu para a formação da teoria marxista, no século seguinte.  Assim como pensadores como Jonh LocKe que conferiam enorme valor à mão-de-obra. Todos familiarizados com Calvino, o grande obreiro (e luminária do protestantismo) da importância do trabalho. Emil Kauder é bem explicito nesta questão.
Já nos países católicos (e aqui kauder chama a atenção para França e Itália), influenciados por uma linha de pensamento aristotélica e tomista se não sentiu tanto a atracção pela teoria do valor com base na mão-de-obra. Pois São Tomás de Aquino e Aristóteles consideravam que o objectivo da actividade económica era a derivação do prazer e da felicidade. Desrta forma, os fins da economia eram profundamente subjectivos, como o defenderam séculos antes os homens da Escolástica, os fundadores da economia cientifica, a quem Joseph Schumpeter (1954), presta homenagem.
É notório o contributo de João Buridano (1300-58) na teoria da moeda, assim como o de Nicolau Oresme (1325-82, seu aluno) que estabeleceu o principio que viria a ser conhecido como Lei de Gresham.
Já da Escolástica tardia são de apontar os trabalhos de Martin de Azpilcueta (1493-1586), e do cardeal Caetano (1468-1534).
Porém, um dos mais relevantes princípios económicos, amadurecido pelos pensadores da escolástica tardia, foi a teoria subjectiva do valor, inspirada nos comentários de Santo Agostinho n’A cidade de Deus. E ela defendia que o valor não deriva de factores objectivos, como os custos de produção e a quantidade de mão-de-obra empregue, mas da apreciação subjectiva dos indivíduos.
Pierre de Jean Olivi1248-98), foi o primeiro a propô-la, seguido de São Bernardo de Sena e Luís saraiva de la calle que no século XVI dizia: …” Porque o justo preço resulta da abundância ou escassez de bens, mercadores e dinheiro […], e não dos custos, da mão-de-obra e dos riscos…”.
A eles se juntaram o cardeal Juan de Lugo (1583-1660) e Luís de Molina.

Armando Palavras


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