segunda-feira, 25 de março de 2013

De crise em crise, Portugal vai naufragando


A Grande Depressão em que a América mergulhou, a seguir à crise bolsista de Outubro de 1929 [que originou uma série de suicídios dos banqueiros responsáveis], provocou uma crise até aí nunca vista. Milhões de desempregados (com fome) arrastavam-se pelo país sem esperança, com a dor de alma de quem foi injustamente submetido a tais provações. A grande narrativa que nos descreve com realismo e de uma forma desassombrada, esta época, é o romance de John Steinbeck, “As Vinhas da Ira”.
A esperança americana renasce quando Franklin Delano Roosevelt (que dirigiu o país nos anos de recuperação económica) é eleito em 1932 (apesar de ter contraído poliomielite e ter dificuldade em se aguentar em pé), determinado em resgatar o país do flagelo que o tinha atingido.
A quatro de Março de 1933, sessenta milhões de americanos ouviram-no através da rádio.
Esse famoso discurso, depois de um breve intróito de quatro linhas, inicia-se da seguinte maneira: “ Este é, mais do que qualquer outro, um tempo para dizermos a verdade, toda a verdade, de maneira franca e ousada. E não devemos deixar de olhar de frente a situação que o nosso país vive”. De seguida, profere a famosa frase sobre o medo. E a dada altura, já na fase final do discurso, alerta: “[…] estou disposto, como é meu dever constitucional, recomendar as medidas necessárias à recuperação de uma nação abalada, num mundo abalado.
Se, porém, o congresso não aceder a empreender qualquer destes cursos de acção, e o estado de emergência nacional continuar a ser crítico, não fugirei ao nítido curso de acção que nessa altura se me apresentará.
Solicitarei ao congresso um último instrumento para a resolução da crise: […] um amplo poder executivo que me permita travar uma guerra de emergência, um poder tão amplo como o que me seria atribuído se fôssemos efectivamente invadidos pelo inimigo”.
O Supremo, de facto, travou-lhe algumas propostas. Roosevelt contornou a situação, e o que o Supremo lhe havia recusado pela força, acabaria por lhe dar de livre vontade, dada a emergência da nação.
Não fosse a segunda guerra que, através do fabrico de armamento criou milhões de postos de trabalho, e o programa “New Deal” não tinha conseguido ultrapassar a situação de emergência, com o boicote do Supremo a várias medidas propostas pelo presidente.

A situação de Portugal é de emergência. Pretendem alguns sectores políticos irresponsáveis, com a “espuma dos dias”,  provocar uma crise ainda maior do que aquela que já existe. As manifestações na rua (que não são a base de coisa nenhuma) são nitidamente organizadas por sectores de oposição governamental. Dizer que o povo está na rua contra o governo é patético.
Com a moção de censura do partido socialista, à qual se junta toda a oposição de esquerda, pode bem o Governo. O mesmo se não poderá dizer se o Supremo (Tribunal Constitucional – TC) puser em causa as medidas que está a analisar. O chumbo de uma das medidas (por exemplo a dos pensionistas) não faria grande mossa ao país, mas a haver outros, o desastre é eminente.    
Os juízes saberão o que decidir, mas o país espera que não sejam o segundo coveiro da nação.
Se até aqui o governo tem aguentado tudo com a inteligência e lucidez necessárias, a partir desse momento deve fazer o que tem de fazer.
O país só então vai perceber no atoleiro em que os partidos de oposição a este governo o meteram. Até porque o povo está atento à crise do Chipre que, sem a ajuda da Europa, entrará em colapso total: bancarrota.
Armando Palavras


Post scriptum

O Senhor Hollande, em campanha eleitoral, disse as barbaridades que disse. Ganhou as eleições. Está a sujeitar o país a uma maior austeridade que o presidente anterior, o senhor Sarkozi. E só foram precisos três meses! E enquanto Sarkozi manteve sempre uma postura vertical de igualdade perante o Sacro Império, o senhor Hollande, ajoelha-se.


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