No início do ano 2009, como por
acaso, chegou-nos às mãos um artigo sobre uma das mais misteriosas obras da
arte rupestre sul-africana, através da revista Histoire Antique: La Dame
Blanche , para os ingleses White Lady, no caso português a Dama
Branca.
Esse artigo nada acrescentava de
novo ao que havia sido publicado nos anos 70 do século passado por Jacques
Gossart em Chroniques dês civilisacions
disparues[1], impressas cinco
anos mais tarde (1981) em português pelas edições 70.
Este fresco existente no maciço
de Brandberg[2], na actual Namíbia, foi
descoberto em 1918 pelo explorador alemão Keinhardt Maack. Contudo, foi pela
primeira vez estudado com detalhe e seriedade pelo abade Henri Breuil, que lhe
atribuiu o nome poético A Dama Branca
em 1950. Desde então tem corrido muita tinta sobre a sua origem, mas o mistério
permanece. E os próprios investigadores não chegam a conclusão definitiva[3].
Além das cenas habituais de caça,
a característica fundamental destes frescos é que as figuras aí representadas
são mulheres[4]. Mas se algumas se
assemelham a grupos étnicos negróides, a Dama
Branca, personagem central, bem como algumas de um segundo fresco,
apresentam traços anatómicos europeus, como se afirmou na época da descoberta.
A Dama Branca poderá representar um xamã (curandeiro), mas o que ela
representa simbolicamente pouco interesse tem para desvendar o “enigma”: os
seus traços anatómicos europeus.
À época afirmou-se que estas
jovens mulheres eram capsenses. O capsense é uma cultura muito particular do
último período do Paleolítico, localizado no sudeste da Espanha.
Fresco de Brandberg (cedida pela Embaixada da África do Sul para Chroniques dês civilisacions disparues) |
As semelhanças são flagrantes e
teoricamente tudo é possível. Porém, recorde-se que estamos no Paleolítico
Superior e a uns bons milhares de quilómetros de Espanha. Além do mais, a
dispersão humana deu-se de África para o resto do mundo e não o contrário.
A propósito deste “enigma” vamos
descrever, em síntese, uma experiência relatada em 1979 no livro Life-Tide publicado nos EUA pelo
cientista e biólogo Lyall Watson acerca de um grupo de macacos, realizada nas
praias da ilha de Kuchima, no Japão.
No início de 1952 os cientistas
espalharam pelas praias dessa ilha enormes quantidades de batata-doce,
parcialmente cobertas de terra. Observaram que os macacos se deliciaram com o
gosto do tubérculo. Mas não apreciaram o gosto da terra que os envolvia.
Num determinado momento e após
vários meses, uma macaca chamada Imos, “descobriu” que resolvia esse problema
lavando a batata. Este avanço cultural foi aprendido e imitado por quase todos
os macacos da ilha, a partir dos macacos mais jovens. Foi então que um fenómeno
novo inexplicável surgiu. Os macacos de outras ilhas onde também estavam a ser
distribuídas as batatas, começaram a lavá-las.
Surpreendentemente os cientistas constataram
que quando um certo número crítico de seres atinge um estado superior de
consciência, essa nova consciência pode ser comunicada de uma mente para a
outra sem os recursos dos sentidos comuns, tornando-se um património cultural
de todos.
Esta experiência ficou conhecida
como A Síndrome do Centésimo Macaco.
Armando Palavras
[1] Robert Laffont S.A., 1976.
Coordenadas por Patrick Ferryn e Ivan Verheiden.
[2] Este
maciço com os seus 2606
metros domina o deserto costeiro e o oceano Atlântico e
está situado ao norte da Baía da Baleia, a oeste da península. A região, com
escassas zonas de água, é do tipo “estepe desértica”. O Brandberg (ou montanha
de fogo) deve o seu nome à cor avermelhada do granito.
[3] Cf. recente livro de
Jean-Loic Le Quellec, La Dame Blanche et l’Atlantide- Enquête sur un mythe
arcquéologique, éditions Errance, 2010.
[4] Já alguns comentadores
ligaram este enigma ao mito das amazonas.
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