sábado, 21 de janeiro de 2012

La Dame Blanche e A Síndrome do Centésimo Macaco.

No início do ano 2009, como por acaso, chegou-nos às mãos um artigo sobre uma das mais misteriosas obras da arte rupestre sul-africana, através da revista Histoire Antique: La Dame Blanche, para os ingleses White Lady, no caso português a Dama Branca.
Esse artigo nada acrescentava de novo ao que havia sido publicado nos anos 70 do século passado por Jacques Gossart em Chroniques dês civilisacions disparues[1], impressas cinco anos mais tarde (1981) em português pelas edições 70.
Este fresco existente no maciço de Brandberg[2], na actual Namíbia, foi descoberto em 1918 pelo explorador alemão Keinhardt Maack. Contudo, foi pela primeira vez estudado com detalhe e seriedade pelo abade Henri Breuil, que lhe atribuiu o nome poético A Dama Branca em 1950. Desde então tem corrido muita tinta sobre a sua origem, mas o mistério permanece. E os próprios investigadores não chegam a conclusão definitiva[3].
Além das cenas habituais de caça, a característica fundamental destes frescos é que as figuras aí representadas são mulheres[4]. Mas se algumas se assemelham a grupos étnicos negróides, a Dama Branca, personagem central, bem como algumas de um segundo fresco, apresentam traços anatómicos europeus, como se afirmou na época da descoberta.
A Dama Branca poderá representar um xamã (curandeiro), mas o que ela representa simbolicamente pouco interesse tem para desvendar o “enigma”: os seus traços anatómicos europeus.
À época afirmou-se que estas jovens mulheres eram capsenses. O capsense é uma cultura muito particular do último período do Paleolítico, localizado no sudeste da Espanha.
Fresco de Brandberg (cedida pela Embaixada da África do Sul 
para Chroniques dês civilisacions disparues)
As semelhanças são flagrantes e teoricamente tudo é possível. Porém, recorde-se que estamos no Paleolítico Superior e a uns bons milhares de quilómetros de Espanha. Além do mais, a dispersão humana deu-se de África para o resto do mundo e não o contrário.



A propósito deste “enigma” vamos descrever, em síntese, uma experiência relatada em 1979 no livro Life-Tide publicado nos EUA pelo cientista e biólogo Lyall Watson acerca de um grupo de macacos, realizada nas praias da ilha de Kuchima, no Japão.
No início de 1952 os cientistas espalharam pelas praias dessa ilha enormes quantidades de batata-doce, parcialmente cobertas de terra. Observaram que os macacos se deliciaram com o gosto do tubérculo. Mas não apreciaram o gosto da terra que os envolvia.
Num determinado momento e após vários meses, uma macaca chamada Imos, “descobriu” que resolvia esse problema lavando a batata. Este avanço cultural foi aprendido e imitado por quase todos os macacos da ilha, a partir dos macacos mais jovens. Foi então que um fenómeno novo inexplicável surgiu. Os macacos de outras ilhas onde também estavam a ser distribuídas as batatas, começaram a lavá-las.
Surpreendentemente os cientistas constataram que quando um certo número crítico de seres atinge um estado superior de consciência, essa nova consciência pode ser comunicada de uma mente para a outra sem os recursos dos sentidos comuns, tornando-se um património cultural de todos.
Esta experiência ficou conhecida como A Síndrome do Centésimo Macaco.

Armando Palavras




[1] Robert Laffont S.A., 1976. Coordenadas por Patrick Ferryn e Ivan Verheiden.
[2] Este maciço com os seus 2606 metros domina o deserto costeiro e o oceano Atlântico e está situado ao norte da Baía da Baleia, a oeste da península. A região, com escassas zonas de água, é do tipo “estepe desértica”. O Brandberg (ou montanha de fogo) deve o seu nome à cor avermelhada do granito.
[3] Cf. recente livro de Jean-Loic Le Quellec, La Dame Blanche et l’Atlantide- Enquête sur un mythe arcquéologique, éditions Errance, 2010.
[4] Já alguns comentadores ligaram este enigma ao mito das amazonas.

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