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Oscar Wilde quando chegou à América de capa e chapéu |
Óscar Wilde (1854-1900) nasceu em
Dublin[1].
Cultivou uma aparência espalhafatosa, tornando-se uma celebridade muito antes
da escrita o consagrar. Foi poeta, dramaturgo, aforista, romancista e escritor
de histórias infantis. Foi esteta, vítima de preconceito e hipocrisia. Amante
do paradoxo e conhecedor dos absurdos da vida, viveu como quis.
O Retrato de Dorian Gray, talvez o seu romance mais conhecido,
publicado em 1889, forçou os limites da respeitabilidade com os seus temas da
decadência, da crueldade e do amor ilícito.
Por ser enorme, apenas transcrevemos dois hexâmetros: o 3º e o último[4].
[… ]
Nunca vi um homem que olhasse
Com um olhar tão melancólicoPara aquele pequeno toldo azul
A que os prisioneiros chamam céu,
E para cada nuvem flutuante que
Com velas de prata passasse
[… ]
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Newgate: Pátio do Recreio - Gustave Doré - Crueldade numa prisão vitoriana |
que amam,
Que todos ouçam isto,
Uns fazem-no com olhar amargo,
Outros, com uma palavra lisonjeira,
O cobarde fá-lo com um beijo,
O homem bravo com uma espada!
[1] Terra de outro gigante da
literatura universal: James Joyce, autor de Ulisses.
[2] Que
era o seu número de prisão.
[3] A
homossexualidade de Wilde tornou-se tão famosa como a sua obra. Casado e com
filhos, depois de o casamento ter corrido mal, aos trinta anos tinha uma
relação com lorde Alfred Douglas (Bosie).
[4] Chamamos a atenção para as
várias traduções. São muito diferentes umas das outras. Por isso os
transcrevemos na língua original:
I
never saw a man who looked
With
such a wistful eye
Upon
that little tent of blue
Which
prisoners call the sky,
And
at every drifting cloud that went
With
sails of silver by.
[…]
And
all men kill the thing they love,
By
all let this be heard,
Some
do it with a bitter look,
Some
with a flattering word,
The
coward does it with a kiss,
The
brave man with a sword!
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