Sandel não apresenta grandes novidades em relação aos grandes
pensadores precedentes. Mas é corajoso em deitar por terra um conceito que tem
dominado o pensamento há quatro décadas – a meritocracia.
Sandel não é contra esta, mas acredita e sustenta muito bem,
que “o ideal de meritocracia é defeituoso” e que “precisamos de nos afastar,
moral e espiritualmente, da arrogância dos bem-sucedidos, que acreditam que o
seu sucesso é obra sua”.
É óbvio que Sandel tem carradas de razão. Muito do sucesso de
alguns não depende apenas deles, mas também da sorte. Um conceito defendido
pelos clássicos, que a designavam por “Fortuna”. Karl Popper tratou o tema há
quatro décadas aplicando o termo da “conjuntura”, da “circunstância”.
É óbvio que o mérito próprio conta em muito para o sucesso
individual, mas depende da “sorte”; dos amigos que nos rodeiam, da família onde
nascemos, da “hora certa no local certo”, dos professores que tivemos, do
momento político que se atravessou, e por aí adiante.
Mas sobre esta questão, e sobre este livro trataremos lá para diante, por agora basta-nos um texto de Pedro Garcias que trata o tema apontando um exemplo contado por Adriano Moreira. Exemplo que ouvimos várias vezes directamente ao Professor em encontros de Transmontanos
In: Fugas, jornal Público
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