domingo, 8 de abril de 2018

Festival das Painças de Montemuro



JORGE LAGE
No princípio era um amigo do José Carlos que me falou do seu dinamismo, como Presidente, em prol da basta freguesia de Tendais. Depois, combinei uma ida a um Portugal mais natural, na vertente poente da Serra de Montemuro onde Tendais se inquieta. Na ida à «Festa da Castanha» senti a teluridade quase virginal. Ali conheci o amigo do meu amigo, Vergílio Alberto Vieira, poeta amarense. O Antonino Jorge ficou meu amigo e com ele aprendi muito da cultura local. Ajudou a revista «A Tendedeira», de muita qualidade gráfica, de imagens e textos memoráveis e únicos. Foi um visitar ano após ano, sempre que o tempo o permitia. Ali vi surgir outro evento cultural e gastronómico, medularmente genuíno. Genuíno até à alma pura da sua gente. Gente que, ainda, vê nas vessadas e no seu «paínço graúdo» o maná para um ano longo. O «Festival das Paínças» surge como uma oração ao deus Bestanços de ventre fecundado pelas selvagens e cristalinas lágrimas de Montemuro. Rio que canta, entre pedras e salgueiros, uma melodia prateada pelo deus Sol. O moinho recebe, no ventre, as entaladas águas, canta e encanta a Natureza humedecida e irrequieta e as almas lutadoras. O carinho e as mãos da Mãe do José Carlos ajudam a retirar, da sua frenética mó,  as melhores farinhas paínças e de castanha que se podem comer no Condado de Montemuro e em Terras de Luso. A Natureza faz maravilhas, moldando a gente que a venera e dá, em troca, o «maná das painças». Foi quase um sacrilégio a «diabólica castanha marinha» ter entrado no seu seio, em pleno século XX e pela mão abençoada do prior. Este ano, as sezões, da quadra invernal, levaram-me ao tapete e privaram-me da maravilha gastronómica de Tendais e nem o S. Brás de Resende me quis ver por lá. Fica o desejo de saborear a carne arouquesa. Talvez apareça no próximo magusto. É fácil ir ao «Festival das Paínças de Tendais» ou à Festa da Castanha. Indo pela A24 sai-se na placa que indica Cinfães. Do Grande Porto ou Minho seguem-se as placas que levam a Cinfães. Depois, é um tiro de espingarda, nave norte da serra acima. Esta pequena nota não estaria completa se não lembrasse que o mítico herói da Reconquista, Geraldo Sem Pavor, tem casa na Torre de Chã, perto de Tendais.

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