Este livro a que se pode aceder com a
maior das facilidades na internet é um tomo de alguma envergadura. Obra
colectiva de professores e pesquisadores universitários europeus, foi editado
por Stéphane Courtois e lançado a público em 1997.
É o maior inventário feito sobre as
atrocidades cometidas pelos regimes comunistas, apontando para um total de
mortes que chega aos 94 milhões. Não andará muito longe da verdade. Contudo,
convém alguma reserva sobre estes números pois não se sustentam em números oficiais.
Mas não deixa de ser verdade que entre outras fontes, foi usado material dos
recentemente abertos ficheiros do KGB e de outros arquivos soviéticos.
Neste inventário constam os seguintes
números de mortos:
- 20 milhões na União Soviética
- 65 milhões na República Popular da China
- 1 milhão no Vietname
- 2 milhões na Coreia do Norte
- 2 milhões no Camboja
- 1 milhão nos Estados Comunistas do Leste
Europeu
- 150 mil na América Latina
- 1,7 milhões na África
- 1,5 milhões no Afeganistão
Apresenta uma lista mais detalhada sobre
as atrocidades cometidas na então União Soviética durante o regime de Lenine e
Estaline:
- As execuções de dezenas de milhares de
reféns e prisioneiros e de centenas de milhares de operários e camponeses
rebeldes entre 1918 e 1922.
- A grande fome russa de 1921, que causou
a morte de 5 milhões de pessoas.
- A deportação e o extermínio dos cossacos
do Rio Don em 1920.
- O extermínio de dezenas de milhares em
campos de concentração no período entre 1918 e 1930.
- O Grande Expurgo, que acabou com a vida
de 690 000 pessoas.
- A deportação dos chamados
"kulaks" entre 1930 e 1932.
- O genocídio de 10 milhões de ucranianos
- conhecido como "Holodomor" - e de 2 milhões de outros durante a
fome de 1932 e 1933.
- As deportações de polacos, ucranianos,
bálticos, moldavos e bessarábios entre 1939 e 1941 e entre 1944 e 1945.
- A deportação dos alemães do Volga.
- A deportação dos tártaros da Crimeia em
1943.
- A deportação dos chechenos em 1944.
- A deportação dos inguches em 1944
É claro que um livro destes não podia
deixar de gerar polémica, recebendo rasgados elogios como criticas severas. Os
maiores jornais do mundo louvaram-no, bem como o recentemente falecido
historiador Tony Judt e Anne
Applebaum, autora de Gulag: Uma História.
Judt escreveu para o The New York Times:
“Um compêndio de 800 páginas dos crimes
dos regimes comunistas por todo o mundo, recolhidos e analisados em grande
detalhe por uma equipa de especialistas. Os factos e os dados, alguns deles bem
conhecidos, outros confirmados há pouco em até agora inacessíveis artigos, são
irrefutáveis. O mito dos fundadores bem intencionados - o bom czar Lenine e os
seus perversos herdeiros - foi apagado de vez. Ninguém poderá mais clamar
ignorância ou incerteza acerca da natureza criminosa do comunismo, e aqueles
que começaram a esquecer serão forçados a relembrar de novo”.
E Anne sobre o mesmo disse:
“Uma história séria dos crimes comunistas
na União Soviética, Europa Oriental e Ocidental, China, Coreia do Norte,
Camboja, Vietname, África e América Latina… 'O livro negro' de facto ultrapassa
muitos dos seus predecessores em relatar a grande escala da tragédia comunista
devido ao uso extensivo por parte dos autores dos recentemente abertos arquivos
da União Soviética e da Europa Oriental”.
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