terça-feira, 3 de maio de 2016

O livro Negro do Comunismo - Crimes, terror e repressão.


 Este livro a que se pode aceder com a maior das facilidades na internet é um tomo de alguma envergadura. Obra colectiva de professores e pesquisadores universitários europeus, foi editado por Stéphane Courtois e lançado a público em 1997.
É o maior inventário feito sobre as atrocidades cometidas pelos regimes comunistas, apontando para um total de mortes que chega aos 94 milhões. Não andará muito longe da verdade. Contudo, convém alguma reserva sobre estes números pois não se sustentam em números oficiais. Mas não deixa de ser verdade que entre outras fontes, foi usado material dos recentemente abertos ficheiros do KGB e de outros arquivos soviéticos.
Neste inventário constam os seguintes números de mortos:

- 20 milhões na União Soviética
- 65 milhões na República Popular da China
- 1 milhão no Vietname
- 2 milhões na Coreia do Norte
- 2 milhões no Camboja
- 1 milhão nos Estados Comunistas do Leste Europeu
- 150 mil na América Latina
- 1,7 milhões na África
- 1,5 milhões no Afeganistão
Apresenta uma lista mais detalhada sobre as atrocidades cometidas na então União Soviética durante o regime de Lenine e Estaline:
- As execuções de dezenas de milhares de reféns e prisioneiros e de centenas de milhares de operários e camponeses rebeldes entre 1918 e 1922.
- A grande fome russa de 1921, que causou a morte de 5 milhões de pessoas.
- A deportação e o extermínio dos cossacos do Rio Don em 1920.
- O extermínio de dezenas de milhares em campos de concentração no período entre 1918 e 1930.
- O Grande Expurgo, que acabou com a vida de 690 000 pessoas.
- A deportação dos chamados "kulaks" entre 1930 e 1932.
- O genocídio de 10 milhões de ucranianos - conhecido como "Holodomor" - e de 2 milhões de outros durante a fome de 1932 e 1933.
- As deportações de polacos, ucranianos, bálticos, moldavos e bessarábios entre 1939 e 1941 e entre 1944 e 1945.
- A deportação dos alemães do Volga.
- A deportação dos tártaros da Crimeia em 1943.
- A deportação dos chechenos em 1944.
- A deportação dos inguches em 1944
É claro que um livro destes não podia deixar de gerar polémica, recebendo rasgados elogios como criticas severas. Os maiores jornais do mundo louvaram-no, bem como o recentemente falecido historiador Tony Judt e Anne Applebaum, autora de Gulag: Uma História.
Judt escreveu para o The New York Times:
“Um compêndio de 800 páginas dos crimes dos regimes comunistas por todo o mundo, recolhidos e analisados em grande detalhe por uma equipa de especialistas. Os factos e os dados, alguns deles bem conhecidos, outros confirmados há pouco em até agora inacessíveis artigos, são irrefutáveis. O mito dos fundadores bem intencionados - o bom czar Lenine e os seus perversos herdeiros - foi apagado de vez. Ninguém poderá mais clamar ignorância ou incerteza acerca da natureza criminosa do comunismo, e aqueles que começaram a esquecer serão forçados a relembrar de novo”.
E Anne sobre o mesmo disse:
“Uma história séria dos crimes comunistas na União Soviética, Europa Oriental e Ocidental, China, Coreia do Norte, Camboja, Vietname, África e América Latina… 'O livro negro' de facto ultrapassa muitos dos seus predecessores em relatar a grande escala da tragédia comunista devido ao uso extensivo por parte dos autores dos recentemente abertos arquivos da União Soviética e da Europa Oriental”.


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