domingo, 1 de maio de 2016

Aprender a aprender



Joana Petiz – Diário de Noticias

Aprender a gostar de ler. É esta a competência mais importante que um professor tem de passar aos alunos. Não importa se a aula é de Português, de História ou de Matemática, saber ler - não juntar letras mas entender, interpretar, imaginar - é fundamental. Não é que seja impossível, mas sem esse talento é dez vezes mais difícil desvendar a solução dos problemas matemáticos, perceber a história universal, saber porque faz mais calor em África do que na Islândia. É por isso que na Escola del Clot há duas bibliotecas e os miúdos são incentivados a escolher nela novos volumes a cada semana, a classificá-los com notas, tal qual eles próprios as recebem, a recomendá-los ou aconselhar os colegas a não lhes pegar se os acharem aborrecidos. Se uma criança não gosta de ler, há uma conversa para a desvendar, tornar mais claros os seus interesses e razões, e lhe pôr depois no caminho o tipo de histórias capazes de lhe despertar curiosidade. Pouco importa se são livros de aventura, de mistério, de fantasia. O objetivo é que aprendam a gostar de ler - sendo esse esforço bem-sucedido, bastará um sopro para que as crianças cheguem por si aos melhores autores. Nesta escola catalã conduzida por jesuítas, os alunos não são o alvo para descarregar informação rígida às sacadas, passada - não ensinada, muito menos aprendida - com mais rapidez do que qualidade para cumprir calendário. Aqui, elas são protagonistas, participam, intervêm diretamente na sua aprendizagem. E é precisamente isso que as prepara em condições para o que vão encontrar quando tiverem idade para deixar a escola para trás. Uma das alunas explica-o com clareza: "O que aprendemos aqui não esquecemos porque somos nós que vamos à procura." O que a Escola del Clot faz é ensinar: explicar aos miúdos como e onde encontrar informação, os métodos para trabalhá-la, como encontrar o seu próprio ritmo e caminho de reflexão. Eles aprendem a pensar, a trabalhar, a dar o melhor de si. Ainda não chegaram ao mercado de trabalho, estes miúdos. Mas os resultados conseguidos no seu desenvolvimento já são suficientes para a Catalunha querer aplicar o método a todas as escolas da região.


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