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JORGE LAGE |
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Ao ler uns contos de um escritor da nossa praça, atrevi-me a dizer que, por
vezes, linguagem era tão rude e rural que ultrapassava o falar popular falar da
nossa gente. O autor espirrou à crítica e entendi que nunca mais devia
pronunciar-me sobre um livro seu. O assunto, para mim, teria morrido aí se a
bolha de bílis guardada não a largasse noutros momentos. Também, quando quis
defender um simples flaviense com livro publicado e retocado por um amigo. E
para demonstrar que a propriedade é de quem cria e não de quem executa ou
retoca, dei, como exemplo, um grande pintor do século XX, que pagava a jovens
para pintarem os quadros que ele criava. Azedaram e tentaram distorcer o que
escrevi e o que os meus olhos viram, explicando que nem por sombra de
pensamento o texto era para denegrir ninguém e muito menos um colosso de
artista que tanto admirava e me orgulhava de ser da nossa região. Noutros casos
tento elogiar e realçar o sucesso deste ou daquele e há quase sempre uma
palavra ou um aspecto da vida que não gostam. Lembro-me de, ao tentar recuperar
a imagem de um antigo Presidente do nosso Município, o filho insultou-me do
piorio, porque numa ficha técnica, para o Dicionário dos Trasmontanos Ilustres,
de Barroso da Fonte, não constavam os nomes de todas as pessoas que o filho
julgava importantes e que estiveram presentes no seu funeral. Sobre um ilustre
académico da nossa praça, ao falar do começo da sua vida simples e dura até
chegar a Professor da Universidade, pediu-me para só constar a sua vida a
partir da chegada a dar aulas no ensino superior. Não aceitei e resfriamos um
pouco. Nunca mais me referi ao seu currículo pessoal e profissional. As pessoas
tem que perceber que as histórias de sucesso enriquecem com pinceladas de uma
vida subida a pulso ou com ajudas generosas. A maldade, está na cabeça de quem
lê e não de quem escreve. Diz o povo: - quem não usa, não cuida.
Provérbios ou ditos:
Enxame de Abril vem para o covil e o de
Março para o regaço.
Crescem os reboleiros, morrem os
castanheiros.
Os vinhos são como os homens: com o tempo,
os maus azedam e os bons apuram (Cícero).
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