domingo, 20 de dezembro de 2015

Rumo à Liberdade de Slavomir Rawicz


Em 1956 um polaco chamado Slavomir Rawicz, publicou um livro com o titulo The Long Walk. Foi um sucesso estrondoso e hoje está publicado em, pelo menos, 25 idiomas. Com o tempo tornou-se um clássico da resistência humana. Um épico! Uma “aventura” homérica que tem ao longo dos anos inspirado gerações de aventureiros e exploradores da Natureza.
A narrativa descreve uma caminhada extraordinária, depois de uma fuga, em 1941, de seis companheiros de um dos campos de trabalhos forçados russos, da antiga União Soviética, alinhado na “mítica” rede dos gulag.
A narrativa seria verdadeira? Desde o inicio que levantou suspeitas. Como era possível uma caminhada nessas condições e de proporções épicas? Foram cerca de 6500Km da Sibéria à India britânica, sob condições sub-humanas por regiões das mais inóspitas.
Contudo, o que levantava dúvidas aos críticos era sobretudo um capitulo onde os fugitivos teriam visto um par de Yetis. Por outro lado, os documentos encontrados contradiziam Rawicz. Neles constatava-se que o autor da história teria sido enviado para o gulag não por ser acusado com “provas” forjadas sob a condição de espião, mas por ter matado um oficial da NKVD, precursora da polícia secreta soviética, a KGB. Outro documento descoberto por Linda Willis descrevia que Rawicz havia sido libertado do gulag em 1942. O que contraria a narrativa do escritor polaco descrevendo a fuga.
Porém, a BBC na mira de um comentário sobre esta grande marcha colocou no terreno investuigadores. E descobriu Rupert Mayne, um antigo oficial que lhes contou que no ano de 1942 em Calcutá havia entrevistado três homens (como é relatado na narrativa de Rawicz) que haviam alegado ter escapado da Sibéria. E Mayne que apesar de tudo se não lembrava dos seus nomes, acreditava que eram os mesmos de The Long Walk.
Seja como for, os pormenores sobre os gulag, descritos no inicio da narrativa são reais, estão provados em narrativas como as de Vassili Grossman, Alexandr Soljenitsin, ou em volumes como o de Anne Applebaum ou o Livro Negro do Comunismo (sujeito também ele a grandes criticas). E a marcha épica, de resistência humana,  da Sibéria até à India via Tibete pelos Himalaias, contada por Rawicz, desafiando todas as possibilidades humanas, não seria a única no universo da história da Humanidade. As histórias de fugitivos no tempo da Segunda Guerra que caminharam a pé milhares de quilómetros são inúmeras. The Long Walk, é com certeza uma delas.
Rumo à liberdade, na tradução portuguesa, conta-nos uma história de liberdade. A 19 de Novembro de 1939, Slavomir Rawicz, um jovem oficial de cavalaria polaco, foi preso pelos russos, acusado de espionagem. Por essa razão foi condenado a 25 anos de trabalhos forçados nos gulag. Juntamente com seis companheiros, consegue fugir em Abril de 1941, dando inicio a uma odisseia rumo à liberdade, que os levará a percorrer cerca de 6500 Km a pé por regiões agrestes. Pelo caminho encontram Irena, uma jovem fugitiva que a eles se junta. Atravessam a Mongólia, para onde se alastrara o comunismo. Um deles desiste da viagem junto da fronteira, outro morre pelo caminho. Irena acaba por ser enterrada no deserto de Gobi, morte provocada por insolação. Atravessam parte da China. O Mister recolhe-se no Tibete e os restantes três chegam à India Britânica em Março de 1942; aos seus campos de chá. 
Seja verdadeira ou ficção, Rumo à Liberdade é uma narrativa extraordinária, já passada a filme.      Armando Palavras

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