segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Boas-Festas com «Longevidade: Plantas e Animais» - Jorge Lage




Jorge Lage
Boas-Festas com «Longevidade: Plantas e Animais»
Há uns anos a esta parte que recebo as «Boas-Festas» especiais do muito ilustre botânico e biólogo, Prof. Jorge Paiva. Digo especiais por que são sempre bilingues (Português e Inglês). São especiais, ainda, por que são apreciadas em muitos cantos do mundo e já estiveram expostas em Londres. Depois, o Prof. Jorge Paiva, jubilado da Universidade de Coimbra, mantendo gabinete no Jardim Botânico, é requisitado pela comunidade científica internacional, cerca de uma dezena de vezes por ano, para missões científicas internacionais de biodiversidade.
A seguir transcrevo o seu sábio postal de boas-festas:
«Longevidade: Plantas e Animais
 Há muitas semelhanças e diferenças entre os animais e as plantas. De entre eles os que mais se assemelham são os que possuem vasos (vasculares): artérias e veias nos animais; vasos liberinos ou floema e vasos lenhosos ou xilema nas plantas. Nesses vasos circula um líquido, sangue (arterial e venoso) nos animais, e seiva (elaborada e bruta) nas plantas, que transporta para todas as células do corpo substâncias vitais: nutrientes, oxigénio e água.
Ambos se reproduzem sexuadamente por fecundação da célula sexual feminina (óvulos nos animais; oosfera nas plantas). O ôvo desenvolve-se até à formação do ser no útero (nos animais) ou no óvulo (nas plantas), que está incluído no ovário, que se transforma em fruto, nas plantas com flor e fruto. Nos animais o novo ser emerge através do parto, nas plantas com a germinação da semente.
Ambos necessitam de alimentos (os “combustíveis” biológicos), mas as plantas não precisam de comer, porque são seres vivos capazes de os sintetizar, utilizando a energia solar e substâncias existentes no meio ambiente (CO2 e H2O). Como os animais não são capazes de fazer isso, têm que comer plantas (herbívoros) ou comerem animais que já tenham comido plantas (carnívoros). Nós, espécie humana, tanto comemos plantas como animais, por isso, dizemos que somos omnívoros. As plantas são, pois, produtoras de biomassa; os animais consumidores.
Há muitas outras diferenças relevantes. Assim, nos animais, após o parto, o novo ser tem que ter protecção dos progenitores nos primeiros tempos de vida; nas plantas, a semente é abandonada e o embrião só germinará quando tiver condições, isto é, água (já se fez germinar sementes de trigo com cerca de mil anos). A circulação dos líquidos (sangue e seiva) não pode ser interrompida (acidente vascular), pois dar-se-á a morte da parte do corpo ou do órgão não irrigado. Nos animais, isso acontece naturalmente, pois os vasos, com a idade, vão envelhecendo e, por vezes, espessando as paredes por deposição de gorduras, até entupirem. Nas plantas vasculares, isso não acontece, porque elas produzem vasos novos todos os anos (normalmente duas vezes por ano). Por isso, nas plantas não há acidentes vasculares (apenas provocados por agentes externos). Desta maneira, as plantas têm vida muito mais longa do que os animais. A árvore mais velha que se conhece é um pinheiro (Pinus longaeva D.K.Bailey) que tem cerca de 5.065 anos (U.S.A.); não há nenhum animal que tenha atingido as três centenas de anos (em Março de 2006, morreu uma tartaruga de Aldabra, Aldabrachelys gigantea Schweigg., com 255 anos). Além do mais, há clones de árvores (Populus tremuloides Michx., U.S.A.) com mais de 80.000 anos, pois as plantas reproduzem-se vegetativamente e os animais não.
Que a época festiva do final do ano ilumine a consciência humana e não se derrubem árvores, produtoras de biomassa, despoluidoras e fábricas de oxigénio.
Para o amigo Jorge Lage, os votos de Feliz Natal, Póspero Ano Novo, com elevada consideração do Jorge Paiva, 2015».

Minha nota: No postal de boas-festas fiz alguns retoques e supressões e alterei o fundo a pensar nos leitores.
Num postit anexo dizia-me: «Este é o meu 25.ºvotos. ¼ de século a enviá-los (cerca de 2.000/ano). Dispendiosos, mas valem a pena, pois alguns dos textos estão em livros de Ensino; e há professores que os utilizam como material didáctico. Boas Festas, J. Paiva.
O Prof. Jorge Paiva, bem mais conhecido e reconhecido pela nata comunidade científica (de Botânica e de Biologia) é um exemplo de simplicidade como grande sábio. É para mim um «Missionário da Biodiversidade». É a ele que recorro nas dúvidas. Por isso, quase não há livro que  eu escreva que não o cite ou referencie. Sermos mais sensíveis e positivos na defesa do Ambiente, da Biodiversidade e da «bolinha Terra» é lançarmos sementes de esperança num futuro melhor para os nossos filhos, netos e demais gerações futuras. Se não mudarmos um pouco os nossos hábitos consumistas e comodistas e pensarmos mais que vivemos na «aldeia global», não haverá divindade que salve a demolidora espécie humana.
Ao amigo Prof. Jorge Paiva, aos amigos leitores, aos colaboradores e Directores do Notícias de Mirandela desejo um Feliz Natal e Próspero Ano 2016.
 Jorge Lage – jorgelage@portugalmail.com– 11DEZ2015

Actualizado a 30 de Dezembro

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