um coração que habita em
duas almas."
Aristóteles
"Quando a minha voz
se calar com a morte
meu coração continuará te
falando."
Rabindranath Tagore
Estamos no amanhecer de uma nova era
na história da humanidade, o grande momento da expansão da espiritualidade. Um
enorme despertar da humanidade para a força divina, para os Céus.
Espiga Pinto e Manuela Morais, sua mulher
(de março de 2000 a 1 de outubro de 2014)
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Encontrava o António
Telmo assiduamente, em Vila Viçosa, quando eu corria apressadamente para os
correios, ao fim da tarde.
Sorríamos, eu esperava
que terminasse de comer a empada de galinha, e falávamos de livros, da Maria
Antónia, da Anahí e, claro, do trabalho de meu Marido, o Espiga Pinto.
Dizia-lhe, com humor, que o fechava à chave no atelier para trabalhar, como a
mulher do Vermeer, o pintor do belíssimo retrato "Rapariga com Brinco de Pérola".
Um dia contei-lhe que não
podia entrar no atelier, porque o Espiga estava lá fechado com sete belas
raparigas. António Telmo perguntou, com graça, se eu não sentia ciúmes. Claro que
não, respondi pausadamente.
Inteligente como era
percebeu imediatamente do que se tratava. Então, mais para o fim da conversa,
perguntou quando e onde era a próxima Exposição, pois queria ver as tais
raparigas.
Fomos visitá-lo várias
vezes a sua casa, em Estremoz. Não medíamos o tempo e era sempre com saudade
que o deixávamos.
As nossas conversas,
entre mim e o Espiga, não tinham fim.
Saíamos de casa de
António Telmo carregados de informação sobre livros importantes, a não perder.
Às vezes, no dia seguinte, rumávamos a Badajoz à livraria a procurar essas
preciosidades.
António Telmo marcava
profundamente quem se cruzasse com ele. A sua calma transmitia uma energia
extraordinária. Até a laranjeira próxima da porta de sua casa era muito maior e
mais frondosa que as suas vizinhas.
António Telmo sabia
escutar atentamente. Os nossos encontros eram um aprendizado contínuo, tinha a
capacidade de tornar o complexo muito
acessível. Era um Mestre em todas as circunstâncias, mesmo nos silêncios.
Como editora do seu livro
"Contos Secretos" tive, sem dúvida, uma venturosa e iluminada
experiência. O Espiga arregaçou as mangas para realizar o excelente trabalho
dos desenhos para o seu belíssimo livro e vivemos a suprema harmonia dessa
manifestação de força que transcende a compreensão humana.
António Telmo foi um
exímio estudioso do significado e simbolismo do número 9 que representa o
círculo místico perfeito. Pertenceu à mais antiga associação de homens do
mundo. A continuidade não é concebível sem a Tradição e é ela que permite
preservar a sua identidade. Era um Ser que habitava um lugar elevado, guiando
os nossos passos e elevando os nossos espíritos a vibrações intensas, fazendo a
ligação entre o Espírito e os lugares Sagrados. O seu Espírito era radiante e
luminoso, caminhando na Ordem dos Grandes Mestres do Esoterismo. Toda a sua
atitude era de um autêntico filósofo com lugar destacado na Filosofia
Portuguesa, na Filosofia e Tradição, grande pensador, escritor, professor. Um
Taurino com vontade firme, constância, persistência, determinado e
contemplativo.
A sua Obra é notável.
Pessoalmente, sinto-me mais próxima de "História Secreta de Portugal",
"Viagem a Granada", "Filosofia e Kabbalah" e
"Desembarque dos Maniqueus na Ilha de Camões".
(. . .)
Manuela Morais
(Texto Integral publicado
em: Vida e Obra de António Telmo)
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