terça-feira, 27 de outubro de 2015

Um pouco de respeito. - ALMEIDA HENRIQUES

Admito com facilidade que muitos, depois de verem o que viram, se sintam já arrependidos. 

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ALMEIDA HENRIQUES
in: Correio da Manhã


Cada vez mais atónitos, os portugueses assistem à sequela pós- -eleitoral, em modo de ‘slow motion’. Assim, nem parece que temos 40 anos de democracia e um regime que funciona, como sempre funcionou, fossem as maiorias ‘absolutas’ ou ‘relativas’. Admito com facilidade que muitos, depois de verem o que viram, se sintam já arrependidos ou com um sentimento de traição. A maior parte está dececionada, com medo e à beira da frustração. Esperávamos todos um pouco mais de respeito. Mais respeito pela opção ganhadora da maioria – não será afinal isso que define a Democracia? Mais respeito pelas instituições, incluindo pela figura do Chefe de Estado, que fez legitimamente a única indigitação para primeiro- -ministro que poderia ter feito. Mais respeito pelos sacrifícios que tivemos de fazer para regenerar as contas do País e recuperar o crédito externo, e que agora vemos malbaratar com ligeireza por interesses mesquinhos de assalto ao poder. E um pouco mais de respeito pela linguagem que se pratica. É que, como disse uma célebre ativista americana, "as palavras podem ser tão poderosas como napalm…" A "construção da realidade" atinge por vezes o patamar da ficção. É razoável conceber à partida uma outra solução de Governo que não passe pela força maioritária, que representa 37 por cento dos eleitores? É aceitável que o PS patrocine uma moção de rejeição ao Governo quando, em troca, o que tem a dar ao País é uma fantasia inviável? Alguém de boa-fé acredita que a governabilidade venha de uma "esquerda" reconfigurada à pressa, sem identidade e sem convergência que se conheça? E pode o PSD abrir novamente a porta do diálogo ao PS quando se usa de uma hipocrisia negocial, namorando de manhã uns e à tarde outros? Independentemente da tradição ou de novéis interpretações parlamentaristas, o "país real" merece coisa bem diferente. E, no entretanto, perde-se tempo, liderança e credibilidade. Há investidores a decidir, reformas a atrasar e oportunidades a escapar. E o ‘PORTUGAL 2020’ a marcar passo. O País não pode hoje dar-se ao luxo nem de uma guerrilha divisionista, nem de um devaneio governativo ou de um impasse de liderança. Já dizia o apóstolo dos gentios: "Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém." 

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