Por Barroso da Fonte
Ao ler o JN de 28 de Setembro último, demoro-me na leitura da página 8. Metade é encimada por: «Passos Coelho quer «reconciliação» com quem pagou a crise», a 3 colunas. À mesma altura da página, vê-se uma foto com imenso público apoiante; e um abraço estudado e esperado entre António Costa e Freitas do Amaral, legendado com o seguinte texto: «António Costa recebe apoio de Freitas em plena festa no Minho. O apoio de Freitas, ontem, um dos momentos da campanha socialista».
Ao ler o JN de 28 de Setembro último, demoro-me na leitura da página 8. Metade é encimada por: «Passos Coelho quer «reconciliação» com quem pagou a crise», a 3 colunas. À mesma altura da página, vê-se uma foto com imenso público apoiante; e um abraço estudado e esperado entre António Costa e Freitas do Amaral, legendado com o seguinte texto: «António Costa recebe apoio de Freitas em plena festa no Minho. O apoio de Freitas, ontem, um dos momentos da campanha socialista».
Tentei registar nas minhas crónicas
de mau humor, esta peripatética cena. Pensei que este registo era inocente. E
já me tinha esquecido dele quando, no telejornal dos canais da noite seguinte,
reparei no estrebuchar de Basílio Horta, num tom grotesco a que já nos
habituara, quando foi candidato isolado, a PR, muitas vezes repetido nos
cadeirões do Parlamento, onde, durante 4 anos, se irritava com aqueles que o
tinham elegido, vezes várias, enquanto fundador e candidato do CDS.
Foi assim que rastejou para chegar a Presidente da Câmara
de Sintra. Com esta visão, acordei para duas coincidências que me lembraram os chupins
que são pássaros que põem os ovos no ninho do tico-tico (Brasil) que lhe
cria os filhotes.
No JN de 28 estava um exemplo
claríssimo. Nos telejornais um segundo exemplo. Freitas do Amaral e Basílio
Horta tergiversaram, enrolando-se, aqui, ali e acolá, para ascenderem ao sonho
que haviam tido quando emergiram do regime que durou 48 anos e que leva quase
outros tantos para desmistificar alguns daqueles que foram perdendo a máscara
da sua verdadeira identidade.
Numa crónica que escrevi,
recentemente, mencionei os ressabiados da política alertando para os
perigos que essa casta representa. Pretendi dizer que devem levar-se, a sério
todos aqueles que são de esquerda, de centro ou de direita, desde que sejam
puras essas intenções. Os comunistas, bloquistas, socialistas, sociais
democratas, centristas. Todos merecem o meu integral respeito porque defenderam
e defendem, contra ventos e marés, aquilo em que acreditam: um ideal de vida.
Ao lado destes dois citei outros, como:
Pacheco Pereira, Mário Lino, Pina Moura, Santos Silva, Helena Roseta, Manuela
Ferreira Leite, Bagão Félix,tantos que se fosse a citá-los todos não haveria
espaço para concluir esta réplica a tanta provocação.
É por causa destes e de outros
que tais que a baixa política deu no que deu. É evidente que os partidos vivem
e sobrevivem com a boa fé dos militantes de base. São esses os heróis da
verdadeira democracia. São fiéis àquilo que, em dada altura, entenderam
corresponder à sua ideologia. Se agissem como agem os «graúdos», os que pensam
ser melhores, apenas pelo facto de ocuparem cargos vistosos e bem remunerados,
são piores, porque amuam, se não constam nas listas; irritam-se se não sobem na
hierarquia da Câmara, da Assembleia Municipal ou na Parlamento.
Já aqui expliquei a incoerência de
Freitas do Amaral que admirei como um super-homem, dececionando - me ao dobrar
da primeira esquina. Embora não conheça tão bem a biografia de Basílio Horta,
desiludiu-me, do mesmo modo, pelos saltimbancos partidários. O mesmo digo e
repito, de Manuela Ferreira Leite que se fartou de cometer erros como ministra
das Finanças e da Educação e que tem vindo a arrastar a asa para ver se volta
ao poleiro pelo PS. Censuro Pacheco Pereira, não por ser um dos melhores
intelectuais contemporâneo, mas por se valer da «quadratura do circulo» para
ser, de entre os três comentadores residentes (contra 8 mil euros mensais),
aquele que mais combate, apenas pelo facto de não lhe terem distribuído um
cargo ministerial. Tal como Bagão Félix, outro comentador que gostaria de ter
um ministério em nome do CDS... E assim por diante.
Dia 4, o povo será soberano. Assim,
daqui até, lá não haja «factos endiabrados» que a política tem vindo a conhecer
à medida em que se aproxima a hora da verdade. Temos que estar precavidos
contra essas atoardas que a Espanha já conheceu. Se as sondagens que têm vindo
a sair diariamente tiverem base científica, a coligação ganhará. Seria o prémio
justo para quem se bateu coerentemente, ao longo destes quatro anos, contra ventos e marés. Pagar a dívida que
existia, foi justiça de Salomão. A honestidade, a dignidade e a transparência é a trilogia democrática. Os
caloteiros não devem acolher-se em beiral de gente séria. A justiça deve
exercer-se em plenitude, E em todas as
direções, espaços e tempos. Até, neste particular, os Juízes mostraram que
estão atentos. E o governo, ao contrário de outros, não processou a imprensa,
nem exigiu os direitos de resposta, tanto como era de supor. Não conheci casos
ao longo do mandato.
Se fosse por comodismo, fiado nas
promessas de devolver tudo o que Passos Coelho retirou, eu votaria em António
Costa. Mas como desconfio de quem promete devolver tudo, sem saber como e onde
vai buscar aquilo que o seu governo malbaratou, não irei na cantiga.
Pessoalmente votarei em Passos Coelho,
não só por ser filho de um notável médico e escritor Transmontano, como pela
honestidade que exigiu a todos, servindo sem se servir. Se ganhar, procure
rodear-de de gente que não tenha telhados de vidro. Cumpra as promessas de
olhar mais para quem mais sacrifícios suportou, por culpa de quem deveria ser
mais prudente e menos arrogante. E, se perder, não faça como António Costa
ameaçou. Procure viabilizar o orçamento Geral do Estado, porque será dessa
maneira que mostra ser Português de corpo inteiro.
Barroso da Fonte
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