quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

NOTAS DE RODAPÉ (117) - Jorge Lage


Jorge Lage
jorgelage@portugalmail.com
1- Livro: Feira do Mel e da Castanha da Lousã 20 Anos, 20 Cartazes, 20 Receitas – Há uns 30 anos, o Director da Biblioteca Pública de Braga, hoje Arquivo Distrital de Braga, fez-me um desafio quando eu estava a trabalhar nos serviços distritais de Educação de Adultos, para lhe fazer chegar todos os programas, panfletos e cartazes dos eventos. Nesse pedido inclui documentação sobre algumas acções para a criação da Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro em Braga. De início questionei-me sobre o interesse dos vários eventos menores, mas concordei que sem documentação a História Monográfica de qualquer local fica truncada ou incompleta. Por isso vou guardando os convites, cartazes e programas dos eventos castanhícolas para que sou convidado ou participo. Na minha ida à XXV Feira da Castanha e do Mel da Lousã vi, na Sala de Conferências da Feira, estavam expostos nas paredes os primeiros 25 cartazes destes eventos anuais. Mirei-os e remirei-os apreciando o seu grafismo e beleza. Por fim, soube que havia um livrinho de edição do município lousanense, que me remeteram pelo correio e que guardo com carinho. São vinte receitas simples e fáceis de mel e castanhas para assinalar os primeiros vinte anos desta Feira temática, sendo seis com mel, uma de requeijão com nozes e treze com castanhas. Por isso, preparem-se para que eu transcreva uma ou outra destas maravilhas em simplicidade para aguçarem o apetite. A feira meteu um mar de gente como se não vê, noutras do género e as barraquinhas de mel dominam, seguindo-se as de comes e bebes, as de castanhas, outros frutos secos e outros produtos da serra. Para que haja envolvência municipal e regional, estão presentes as associações recreativas e as IPSS, mas as escolas culminam toda uma estratégia de feira temática. Só os livros, apesar de ter sido convidado e muito bem recebido por toda a Equipa Municipal, terão que as apresentações serem pensadas noutro momento, pelo menos nunca ao domingo. Sugiro uma visita à Lousã e à sua Serra porque há muitos encantos a descobrir e «A Lousã conVIDA NATURALmente!»

2- Atitudes de alguns empregados dos Municípios – Diz a Bíblia Sagrada que «ninguém é profeta na sua terra» e eu também não o sou. Ao ser-me endereçado um convite pelos ilustres amigos, Cónego Silvério e Prof.ª Gentil, para me associar ao momento festivo de restauros e melhoramentos na Igreja da minha terra, lembrei-lhes o dito milenar. Tenho sido muito bem recebido pelo Município na apresentação de livros e por isso estou muito grato. Com um currículo extenso a nível de segurança escolar, protecção civil, ambiente e floresta e nunca fui chamado nestes temas por escolas, juntas ou associações nem para «jarra de adorno». Só a Escola de Hotelaria de Mirandela se lembrou de me envolver num momento interessante na promoção gastronómica de um produto regional «a castanha». Mas, eu queria falar-vos do caminho árido e árduo da investigação da memória imaterial rural que se apaga, principalmente nos campos etnográfico e etnolinguístico. Dizia-me um «compagnon de route» da obra «Mirandelês» e de muitas ajudas, que havia académicos que deviam fazer uma análise crítica desta obra de grupo, nem que fosse para dizer mal, e apenas se ouviu o silêncio. Do grupo alguém terá dito que o trabalho sério incomoda alguns académicos trasmontanos. Se o mal é a «ronha do convento», até me anima a continuar. Nesta embelga de escrita eu queria-vos dar a conhecer quanto me dói, se ao contactar uma ou outra técnica do município e quando estou a começar explicar o que quero, para facilitar a vida a ambos, sou interrompido com enfado, porque não se está para ouvir e dar uma resposta específica. Felizmente a maioria é solícita. Se peço um ou dois contactos, por exemplo, não preciso nem quero todos os contactos possíveis do concelho. Noutros concelhos estão sempre em reunião ou serviço externo. Há outros que estão em reunião ao mais alto nível e vêm-me atender. Há pouco fiz pesquisa no Município de Castanheira de Pêra e no final fui agradecer à assessora da vereação e passa por mim a vereadora da cultura e diz que está reunida com o Presidente mas que me vinha já atender. E veio simpática e atenciosa. No final disse-me para voltar a visitar o concelho. Hei-de voltar. Também, ao ir a Vila Verde (do Minho), entro no Posto Municipal de Turismo e a jovem que está lá não me larga um momento sempre a dar explicações, como um livro aberto de simpatia e informação. Voltando a Castanheira de Pêra , sempre que ligo para a Técnica que está na «Casa do Tempo» (leia-se Museu Etnográfico) e nunca vi quem tanto soubesse e o explicasse com um sentimento de felicidade por estar a passar cultura e informação da sua terra. Sabe toda a «História do Concelho», até os episódios mais específicos. Fiquei a saber qual o fim último dos neveiros da serra ou porque «Castanheira», em gíria empresarial da primeira metade do séc. XX, se diz «Casconha». Mal começamos a abordar qualquer dúvida ou tema a lição salta-lhe dos lábios e da alma: obrigado Sónia Tomás!

3- Alguns ciganos (?) vindos de Leste não se contentam com pouco como os nossos – A informação chegou-me por quem anda «com a mão na massa», que é como quem diz, quem atende os carenciados. Somos um país pobre e a tendência vai ser para vivermos pior se não arregaçarmos as mangas. A conversa barata da maioria dos políticos e de quase todos os sindicatos, está esgotada, porque agora quem controla o nosso orçamento é Bruxelas. Não há Costas, nem Antónios, ou Coelhos que façam milagres. O milagre tem de ser do trabalho e da produção. Não faz sentido importarmos mão-de-obra sazonal e nós com uma orda de gente na flor da vida a receber sem trabalhar. Mas, neste Natal vai haver muita pobreza na nossa envergonhada gente, outra assumida e outra forjada pertencente a redes organizadas de pedintes que vieram de Leste e já auferem por cá o rendimento mínimo. Por exemplo, na Roménia o rendimento mínimo é de 190 €. O que aqui ganham e o que tiram na pedinchice dá para as «organizações» engrossarem contas nos países deles. Neste Natal, ao contrário do que eu pensava, os nossos ciganos, em geral, são compreensíveis quando não recebem os cabazes cheios. Alguns, felizmente, não estão muito necessitados. Mas, os «insuportáveis» vindos de Leste são de uma exigência e grosseria impressionantes, como se estivessem a comprar os artigos que lhes dão. Se são roupas, miram-nas e remiram-nas antes de as aceitarem. Não se lhe aplica o ditado «cavalo dado não se olha o dente». E nos géneros alimentares aceitam-nos com a mesma exigência, o que leva a supor os mais atentos, que alguns dos artigos que lhe são dados, podem ter como destino a venda noutros locais. Era preciso fazer-se alguma coisa, porque alguém poderá andar a brincar com a pobreza lusa e a privar de ajuda quem muito precisa.

4- Votos de um Santo e Feliz Natal – Vivemos e vamos continuar a ter um tempo de míngua, em que muitos são triturados pela indiferença social e pelos desmandos dos políticos de todos os quadrantes. Neste Natal sei que em Mirandela alguns dos que viviam bem estão a passar dificuldades e têm vergonha em se mostrar, por isso, a maior atenção deve ser dada à pobreza escondida e envergonhada. Queria recordar, com alguma tristeza, aqueles que os filhos empurram para os asilos, quando podiam ser apoiados por uma funcionária na sua própria casinha. Apetece-me perguntar: Oh! Senhora doutora! Se empurra os seus pais para o depósito de velhos, o que espera que os seus filhos lhe façam daqui a 20 ou 30 anos? Oh! Senhor padre! Se proíbe os idosos de terem uma pequena imagem da sua devoção na mesinha de cabeceira do quartinho do lar, em que deus e santos acredita? Um Natal com amor e carinho para cada dia, amigo leitor!


Jorge Lage –  29NOV2014
jorgelage@portugalmail.com

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