terça-feira, 23 de dezembro de 2014

A morte de Nell, a pequena heroína de Charles Dickens

A pequena Nell na loja de Antiguidades, JOHN watkins Chapman (1832-1903)
Um dos contos mais conhecidos sobre o Natal é “O Natal do Sr. Scrooge”, de Charles Dickens. Tem outros, como "Cântico de Natal",  mas este é o mais popular.
Dickens não teve uma vida fácil. E quando escreveu sobre o desespero e a solidão das crianças, sabia do que falava. Teve de abandonar a escola, aos doze anos,  e trabalhar numa fábrica de sapatos quando o pai foi preso por incumprimento de dividas. Viveu na penúria. Esta experiência é revivida nas suas obras, através dos seus personagens infantis que no século XIX emocionaram todo o mundo anglófono. Ninguém na nação inglesa era indiferente ao destino dos seus heróis infantis. Da rainha Vitória, passando por toda a classe média e pelos bairros operários (que se colectavam para pagar a  quota da biblioteca), todos liam Dickens. Nas suas obras estava implícita uma critica social, sobretudo no que diz respeito à pobreza. Já escritor famoso efectuou leituras publicas das suas obras para angariar fundos de beneficência.
Ler Dickens nesta época do ano, é retornar à infância, quando esses contos nos eram lidos e relidos pela avó. E rememorar a bondade das suas personagens no meio de um pântano de miséria.  Ler Dickens é relembrar personagens como Oliver Twist, Dorrit, Pip, David Copperfield, e Nell, a protagonista do romance “A Loja de Antiguidades”, e de um episódio lendário. As pessoas levavam a sério as histórias de Dickens, como hoje levam os episódios das telenovelas, ou sagas como Harry Potter.
Dickens, como era costume na época, publicava as suas histórias em fascículos de revistas, porque economicamente saia mais barato ao leitor. Quando o último fascículo saiu, uma multidão esperava no porto de Nova Iorque, o barco que transportava o número correspondente da revista, ansiosa por saber o destino da pequena heroína. Antes mesmo de o barco atracar perguntaram alto a resposta que aguardavam: “Ela morreu?”.
De facto, Dickens, numa cena levada ao extremo do sentimento, descreve a morte de Nell. Mesmo Oscar Wilde que não perdia oportunidade para o sarcasmo se comoveu com a descrição.



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