A pequena Nell na loja de Antiguidades, JOHN watkins Chapman (1832-1903) |
Um dos
contos mais conhecidos sobre o Natal é “O Natal do Sr. Scrooge”, de Charles
Dickens. Tem outros, como "Cântico de Natal", mas este é o mais popular.
Dickens
não teve uma vida fácil. E quando escreveu sobre o desespero e a solidão das
crianças, sabia do que falava. Teve de abandonar a escola, aos doze anos, e trabalhar numa fábrica de sapatos quando o
pai foi preso por incumprimento de dividas. Viveu na penúria. Esta experiência
é revivida nas suas obras, através dos seus personagens infantis que no século
XIX emocionaram todo o mundo anglófono. Ninguém na nação inglesa era
indiferente ao destino dos seus heróis infantis. Da rainha Vitória, passando
por toda a classe média e pelos bairros operários (que se colectavam para pagar
a quota da biblioteca), todos liam
Dickens. Nas suas obras estava implícita uma critica social, sobretudo no que
diz respeito à pobreza. Já escritor famoso efectuou leituras publicas das suas
obras para angariar fundos de beneficência.
Ler
Dickens nesta época do ano, é retornar à infância, quando esses contos nos eram
lidos e relidos pela avó. E rememorar a bondade das suas personagens no meio de
um pântano de miséria. Ler Dickens é
relembrar personagens como Oliver Twist, Dorrit, Pip, David Copperfield, e
Nell, a protagonista do romance “A Loja de Antiguidades”, e de um episódio
lendário. As pessoas levavam a sério as histórias de Dickens, como hoje levam
os episódios das telenovelas, ou sagas como Harry Potter.
Dickens,
como era costume na época, publicava as suas histórias em fascículos de
revistas, porque economicamente saia mais barato ao leitor. Quando o último
fascículo saiu, uma multidão esperava no porto de Nova Iorque, o barco que
transportava o número correspondente da revista, ansiosa por saber o destino da
pequena heroína. Antes mesmo de o barco atracar perguntaram alto a resposta que
aguardavam: “Ela morreu?”.
De
facto, Dickens, numa cena levada ao extremo do sentimento, descreve a morte de
Nell. Mesmo Oscar Wilde que não perdia oportunidade para o sarcasmo se comoveu
com a descrição.
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