Barroso da Fonte |
Como transmontano de Barroso que
faço questão de trazer ao peito, como se fosse o meu signo de repórter de
intervenção permanente, elegi este tema para crónica ligeira, reduzindo-o a
factos da história popular portuguesa.
Ao caso de Catarina Eufémia
podemos adicionar mais dois: o da Padeira de Ajubarrota (Brites de
Almeida) que em 1385, matou sete castelhanos, com a pá do forno numa taberna;
e o da Maria da Fonte, em Póvoa de Lanhoso, em 1846, durante a
revolta popular por causa de proibição de realizar enterros nas igrejas. Estes
três episódios de índole histórica, entraram no domínio das grandes lendas
populares e andam por aí, revestidos de interpretações políticas, laborais e
propagandísticos. Dão para todos os gostos, para todas as causas e em todos os
tempos e lugares.
Mais próximo da nossa geração
temos outros exemplos de mulheres portuguesas que brilharam na artes e nas
letras, na política e na magistratura, na moda e no desporto. Todos nós
conhecemos casos de mulheres que nos palcos do atletismo, da natação, da
política e até da beleza física, deram provas de pioneirismo.
Se a nível nacional há boas razões para exaltar
os méritos da mulher portuguesa, é a nível Transmontano que mais alto essa
exaltação pode fazer-se. Na política temos três mulheres de proa:
A Presidente da Assembleia da
República, a Bastonária da Ordem dos Advogados e ainda a Directora do Departamento
de Investigação Penal de Lisboa, respectivamente: Assunção Esteves, Elina Fraga
(ambas naturais de Valpaços) e Maria José Morgado (oriunda de Montalegre).
Saltando para o nível social
também aqui podemos referir dois nomes de mulheres que vão perpetuar-se na
história de dois países da Lusofonia: Maria Helena Ataíde Vilhena Rodrigues e
Maria Eugénia Neto. A primeira nasceu em Chaves, estudou e casou com o primeiro
Presidente da Guiné-Bissau Amílcar Cabral de quem tem duas filhas. A segunda
chama-se Maria Eugénia Neto, nasceu em Montalegre em Março de 1934 e casou com
o Dr. António Agostinho Neto, primeiro
Presidente de Angola. Amílcar Cabral e Agostinho Neto foram dois
luso-africanos que se licenciaram em Portugal e que lideraram o PAIGC e o MPLA,
vindo a protagonizar a libertação desses dois novos países. Outros vieram depois para conduzirem
processos libertários em Cabo Verde, Moçambique e Timor. O terceiro quarteirão
do século XX foi o maior drama para os 900 séculos de História
(1950-1975). O império Português cuja
liderança pertencia a Portugal, aquando do Tratado de Tordesilhas (7/6/19494)
foi dividido, a meio, pelo Reinos da Galiza e pelo Reino de Portugal. Esse
Tratado foi um acordo firmado em 4 de junho de 1494 entre Portugal e Espanha. O
nome adveio do local onde foi
assinado: cidade espanhola de
Tordesilhas. Tinha como objectivo
resolver os conflitos territoriais relacionados com as terras descobertas no
final do século XV.
Em conformidade com o Tratado
de Tordesilhas, uma linha imaginária, a 370 léguas de Cabo Verde serviria de
referência para a divisão das terras entre Portugal e Espanha. As terras a
oeste desta linha ficaram para a Espanha, enquanto as terras a leste eram de
Portugal. Durante séculos esse acordo respeitou-se. A antiga Península Ibérica
que desde 411, se irmanara com o Reino da Galiza, com sede em Braga e que só em
1128 se fraccionou na Batalha de S. Mamede, viria a expandir-se para além dos
mares. Muitos anos depois, já cerca de três séculos para além do segundo
Condado Portucalense, Portugueses e
Espanhóis, fizeram-se à conquista de novos mundos. Portugal chegou aos confins
do mundo através dos mares para oriente. E quando já pouco mais tinha a
descobrir, voltou-se para o ocidente, chegando à América do Sul. Aos Povos levou
a Língua, a cultura e o chão. Só em meados do século XX, primeiro na Índia,
depois na Guiné e em Angola, mais tarde em Moçambique e, finalmente, em Timor,
os povos desses territórios,
reivindicaram a autodeterminação. 886 anos depois Portugal voltou ao palmo de
terra que tinha sido marcado a fios de Espada, nas sucessivas guerrilhas com a
Espanha. Com o golpe militar do 25 de Abril desmoronou-se o Império Português.
Desse império resultaram cinco novos países que com o Brasil, formam o mundo da
Lusofonia. Dois desses países Lusófonos
tiveram como primeiras damas duas Transmontanas que a História vai ligar ao
futuro. Mulheres lindas, cultas, arrojadas e progressistas. Portugal perdeu na
geografia mas ganhou na fraternidade, na solidariedade na cidadania
internacional. Barroso
da Fonte
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