Armando
Palavras, licenciado em Belas Artes (Pintura) e doutorado em História de Arte,
é um autor com um vastíssimo currículo e obra publicada – livros, documentos
dispersos, resultado de investigações, ensaios e demais literatura. Dotado de
um espírito analítico perspicaz e de uma amorável tendência para projetar os
artistas e artífices do séc. XVIII, em torno da região transmontana, dedicou-se
a uma faina estrénue do estudo das igrejas e monumentos afins da arte
religiosa, como comprova a sua obra Artistas
e Artífices do Século XVIII nas Periferias Transmontana, Beirã e Duriense.
Salienta-se,
no livro citado, o nome de muitos obreiros contratados para a construção,
conservação e reparação do riquíssimo acervo religioso da já referida região.
Na Introdução, o autor Armando
Palavras escreveu: “
Neste caso concreto, a geografia a
destacar, inclui as duas margens do Rio Douro – a direita e a esquerda – dentro dos limites
da Região Demarcada.
As
Igrejas da margem direita pertencem à região de Trás-os-Montes e alto Douro
(assinalada a laranja); as da margem esquerda (deste estudo), compõem um
conjunto da denominada Beira Transmontana, incrustadas no Bispado de Lamego
(assinalada a lilás), cujo padroado era pertença da Universidade de Coimbra.
(p.5)
WOOK https://www.wook.pt/livro/artistas-e-artifices- do-seculo-xviii-armando-palavras/30078768 BERTRAND https://www.bertrand.pt/autor/armando-palavras/5090070 |
São
inúmeras as igrejas aqui citadas, bem como a lista de artistas contratados para
a execução das obras devidamente especificadas, como testemunha o exemplo
apresentado na p. 73 deste livro:
“FRANCISCO,
Domingos, Canteiro,
Origem: Fontes
1745,
16 de Maio – obra da igreja de Fontes, arrematada a cantaria por 212 mil reis,
pagos em quatro prestações, e a alvenaria por 200 mil reis. Esta obra foi
executada juntamente com outros mestres (BARBOSA, Damião, p.26-28)”
O
que surpreende mais o leitor é o rigor dos contratos e das escrituras a que o
estudioso teve acesso para elaboração das suas obras – Tese de Mestrado e Tese
de Doutoramento – através da consulta dos Arquivos: Distrital de Vila Real,
Notariais de Santa Marta de Penaguião, da Universidade de Coimbra – Bispado de
Lamego, Revistas de Câmaras Municipais e muitos outros documentos. A
investigação de Armando Palavras incluiu sempre a arte sacra: a Tese de
Mestrado intitulava-se: Os Anjos de
Penaguião, 2001, Lisboa e, mais recentemente, em 2011, Lisboa, a Tese de
Doutoramento, com o título: Os tectos
durienses: A iconografia religiosa setecentista nas pinturas dos templos da
região demarcada.
Pena
é que que, hoje, estes estudos não sirvam de exemplo para os obreiros de
grandes projetos, quer a nível de perfeição artística, quer de orçamento e
segurança!
Um
livro que, versando sobre aspetos do século XVIII, é um bom guia para todos os
artistas, especialmente para aqueles que se dedicam à arte sacra, e também um
ótimo manual de restabelecimento de confiança/segurança para as partes
intervenientes em contratos. Propender para uma fachada vistosa não equivale a
uma obra artisticamente seminal, pode ser apenas uma habilidade atrativa.
Ao ler e refletir sobre este livro, o leitor
não fica indiferente perante a tematização e o rigor do carácter científico,
hoje, tão olvidado.
Este cadinho de Portugal aqui retratado deve sentir-se orgulhoso do seu Filho!
Júlia
Serra
O Dr.Armando Palavras é o orgulho de qualquer transmontano que o conheça...! Olhamo-lo e nem imaginamos do que ele é capaz de "reparar"... - a simplicidade com que nos fala, a sensibilidade e meticulosidade com que escreve, deixa-nos pasmados de espanto e admiração !
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