sexta-feira, 4 de novembro de 2016

A boquinha de periquito e os dez dias que abalaram o mundo


Daqui a um ano (17 de Outubro de 2017) comemora-se uma efeméride que, queiram muitos ou não, mudou a modernidade. A revolução russa em Outubro de 1917. Cem anos!
O que é curioso é que nenhuma referência a essa data se tenha feito em nenhum órgão da comunicação social, nem deste país terceiro-mundista, nem de nenhum país civilizado no passado dia 17!
Esses dez dias que abalaram o mundo estão descritos numa obra clássica do mítico jornalista John Reed (cuja edição portuguesa é do Avante, a nossa), a quem brevemente dedicaremos escrito razoável. E na história escrita por Trotski.
Vem isto a propósito do discurso da dona Catarina no debate sobre o Orçamento de Estado para 2017.
Essa senhora não fez mais do que reavivar a memória desses tempos. E não fez mais do que isso porque não sabe mais. A balela dos mais frágeis, a conversa fiada das pensões e reformas, a barafunda sobre a direita, os despropósitos sobre a Europa (que não conhece – nem a presente nem a passada) e a idiotice da redução dos juros da dívida pública são o carimbo na fronte de quem nada tem a dizer ao país. E de quem aldraba sem vergonha alguma na cara. Tivesse alguma decência, e teria algum tino sobre as afirmações maledicentes que profere.
Como (e com quem) quer renegociar a divida?
Alguém já ouviu a este periquito algum comentário sobre a urgente necessidade do descongelamento da progressão da Carreira Docente, da justa recuperação do tempo de serviço perdido, da alteração urgente do regime de aposentação, entre outros assuntos?
Alguém já ouviu a este periquito algum comentário sobre o congelamento das carreiras desde 2005, por um governo de esquerda(?)?
Alguém já ouviu a este periquito pronunciar-se sobre os docentes que até 31 de dezembro de 2010 ficaram "retidos" porque a sua progressão estava sujeita a vagas a definir por uma portaria que nunca chegou a ser publicada? É bom lembrar a este periquito que desde 2012 a Provedoria de Justiça vem aconselhando o Ministério da Educação a reposicionar todos os docentes que tinham reunido condições para progredir antes de 2011, mas a portaria que o permitiria fazer nunca foi publicada pelo ME.
Alguém já ouviu um pio deste periquito sobre os docentes a quem foi descontado tempo de serviço, devido às ausências por doença a partir de 20 de janeiro de 2007,inclusive, e que ainda não foi considerado como prestação efetiva de serviço, nem o seu registo biográfico atualizado nesse sentido?
Ninguém lhe ouviu nada. E acham que é por acaso? Não. Depois da assinatura daquela papelada, justamente no segundo dia, Costa que ocupa um lugar e cargo sem mérito (adquirido por aquela marosca parlamentar), pois não ganhou eleições, tomou como primeira “medida governativa” informar a populaça que as carreiras seriam descongeladas apenas em 2018. É claro que a esposa já estava reformada.
E foi a este país terceiro-mundista que esta senhora e parceiros nos conduziram. Ninguém o diz, mas o diabo espreita. E em Janeiro teremos noticias dele quando o INE lançar os dados que tardam, e que irão confirmar os de Setembro passado. Que se fosse um governo de centro direita, teria grandes dificuldades em continuar a governação.

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Revista Tellus nº 80

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